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CASOS DE CHIKUNGUNYA CRESCEM 741,5% EM SALVADOR

Redação - 07/05/2020 09:30

Mais de 700%. O  número é de assustar, sobretudo, quando se descobre que ele representa o crescimento de casos da chikungunya em Salvador, comparado a 2019. Considerando os casos até o início de maio de 2020, a região entre o Rio Vermelho e a Pituba é a mais afetada. Foram 25 casos da doença registrados no ano passado, contra 281 neste ano – aumento de 1024%.

Considerando toda a capital, o aumento chega a 741,5%, já que os números registram 2188 neste ano contra 260 do ano anterior. Para as demais doenças causadas pelo mosquito aedes aegypti, o aumento também foi expressivo, porém menor se comparado aos da chikungunya. O crescimento registrado  foi de 407% para a zika e 169,7% para a dengue.

Para os especialistas, a maior razão para o aumento de casos está ligada aos hábitos do próprio mosquito que, aliados à mudança de hábitos causada nas pessoas pelas medidas de isolamento social, podem ter causado cenário propício. “Estamos tendo um período de muita chuva e calor, o que é  propício para a proliferação do mosquito, Além disso, com o foco no coronavírus, as pessoas podem estar perdendo o cuidado com os focos de criação do mosquito’, explica a infectologista Clarissa Ramos.

A profissional destaca ainda uma característica da própria chikungunya que pode acabar contribuindo para que os números aumentem. Das três doenças transmitidas pelo mosquito, a chikungunya é que apresenta um percentual mais elevado de pacientes sintomáticos.  “O mosquito tem hábitos diurnos e geralmente acaba contaminando as pessoas no período entre a manhã e o fim da tarde. Com o isolamento social, agora tem mais gente em casa no horário que antes era de trabalho’, avalia.

Na casa da bacharel em direito Márcia Gonzaga  foram quatro pessoas com a chikungunya. Mãe, avó e os dois filhos pegaram a doença. Só ela escapou. ‘Eu estou grávida e por isso tenho usado repelente constantemente, mas aqui em casa todo mundo pegou. Por conta do coronavírus, acabamos não indo ao médico e fazendo tratamento em casa, mas todo mundo ainda sente as dores”, relata.

Na rua de Márcia o cenário é o mesmo: “Aqui na rua muita gente teve, na rua do lado, quase todo mundo pegou. Eu moro no Rio Vermelho desde que nasci e nunca tinha visto um surto desse”. A região da cidade onde está o bairro foi uma das mais afetadas em salvador e a campeã no crescimento de casos. Considerando o número de casos de 2020, a região fica atrás apenas do Cabula, que já apresentou 343 casos.

Apesar do número expressivo, no comparativo, o aumento no Cabula é menor do que o do Rio Vermelho. O crescimento é de 185% no Cabula e no Rio Vermelho ultrapassa os 1000%. “Não sei se por causa dessa agonia com o coronavírus o pessoal descuidou, mas tem outras doenças aí que matam também. Aqui mesmo no bairro tem uma casa que foi abandonada que deve acabar servindo de foco”, acredita Márcia. O descuido ou desatenção também é percebido pelos médicos. “Acredito que, com o foco voltado para o coronavírus, está se falando muito pouco das doenças transmitidas pelo mosquito”, completa Clarissa.

Foto: divulgação

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