A maioria dos casos confirmados de Covid-19 e das mortes pela doença ocorrem em portadores de hipertensão, insuficiência cardíaca, arritmias, doença coronariana, o que já os tornam mais suscetíveis a terem complicações cardíacas. Porém, alguns relatos já mostram que, em menor número, mesmo doentes sem essas condições crônicas prévias podem ser afetados.
“O paciente tem o infarto e, quando você vai olhar, a coronária é normal. O infarto é secundário à inflamação”, diz a cardiologista Ludhmila Hajjar, médica e professora do Instituto do Coração (Incor) de São Paulo. Segundo ela, o dano mais comum ocorre no músculo cardíaco e nos vasos sanguíneos como resultado da própria inflamação provocada pela Covid-19.
A cardiologista Gláucia Moraes de Oliveira, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), explica que a inflamação causada pela Covid-19 ainda propicia um pior efeito das drogas, como cloroquina e azitromicina associadas, que podem causar arritmias malignas em pacientes cardiopatas.
Para entender a ação do coronavírus no coração, além dos diversos estudos já andamento em instituições de saúde, a Sociedade Brasileira de Cardiologia está montando um registro nacional de complicações cardíacas por coronavírus, que deverá reunir dados de hospitais públicos e privados.
O cardiologista Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, explica que registros são estudos observacionais úteis para conhecimento científico em um determinado assunto e podem ser importantes na tomada de decisões a partir de avaliações de desfechos do “mundo real”, somados aos ensaios clínicos randomizados.