O Brasil passou dos 20 mil casos de Covid-19 oficialmente notificados neste fim de semana, mas no sábado o número real de infectados já estava em torno de 245 mil, afirma um relatório produzido por epidemiologistas. Os trabalho, feito pelo grupo Nois (que envolve PUC-Rio, Fiocruz, USP e outras instituições), montou a estimativa a partir de números de letalidade do país, obtida pelo número de morte dividido pelo número de casos. As informações são do Globo.
A taxa de letalidade observada no país para os casos que já tiveram desfecho — pacientes que morreram ou já receberam alta — é de 16,3%, muito alta em relação a outros países onde já há estudos com casos bem documentados, dos quais cerca de 1,3% resultaram em óbito. Isso não significa que a doença seja mais letal no Brasil, afirmam os pesquisadores, mas sim que o número real de infecções (incluindo os casos leves e assintomáticos) esteja muito acima daquelas notificadas.
Segundo os pesquisadores, o grande problema com os dados da Covid-19 no país é a falta de fits de testagem, sobretudo os de RT-PCR, que são mais confiáveis e detectam a presença do vírus em pacientes que já desenvolveram sintomas. “A baixa capacidade de testagem pelo RT-PCR fez com que o Ministério da Saúde (MS) recomendasse que apenas os casos graves fossem testados. Ainda assim, nem todos os casos suspeitos deste grupo estão sendo examinados”, afirma o relatório dos pesquisadores. “Em São Paulo, onde está a maioria dos casos confirmados no país, apenas 24% do total de testes para COVID-19 foram entregues.”
Os pesquisadores apontam que a precariedade dos dados sobre a doença é, em si, um risco para o país. “O elevado grau de subnotificação pode sugerir uma falsa ideia de controle da doença e, consequentemente, poderia levar ao declínio na implementação de ações de contenção, como o isolamento horizontal”, afirma o relatório do grupo.