ARMANDO AVENA: O DINHEIRO DO GOVERNO FICOU PARADO NOS BANCOS E PODE HAVER QUEBRADEIRA DE EMPRESAS

O governo federal jogou trilhões no mercado bancário e reduziu o depósito compulsório na vã esperança de que os bancos emprestassem esse dinheiro para os empresários. Mas quase nada chegou às mãos das empresas brasileiras, sejam elas grandes ou pequens. Pelo contrário, os bancos aumentaram os juros, elevaram os spreads e exigem cada vez mais garantias. E pegam todo dinheiro e aplicam em Títulos do Tesouro e ganham bilhões com as medidas do governo. Se nada for feito haverá quebradeira geral, muitas empresas brasileiras não vão aguentar 3 ou 4 meses com faturamento zero e vão sobrar apenas os mesmos bancos de sempre.

O Ministro da Economia reconheceu isso no fim de semana e disse que o dinheiro está “empoçado no mercado financeiro”. O mais correto seria dizer: está empoçado nos grandes bancos. Guedes propõe algumas medidas,

1. Compra direta de carteira ou títulos de empresas como é feito pelo Banco Central dos Estados Unidos. Assim, o Banco Central poderia negociar uma carteira de crédito diretamente com uma empresa, um varejista ou uma indústria.
2. Financiamento direto da folha de salários pelo BNDES
3. Usar fundo de aval de instituições como o BNDES e Sebrae e recursos do Tesouro para garantir os empréstimos e fazer com os bancos peçam menos garantias.

As duas primeiras medidas já estão no Congresso Nacional, na PEC do Orçamento de Guerra, a terceira, apesar de necessária, vai fazer do Brasil o paraíso dos banqueiros, um lugar onde o governo eliminou o risco dos bancos e garante que eles sempre vão ter lucros.

Outras medidas poderiam ser tomadas, como usar os bancos digitais como intermediários ou simplesmente intervir no mercado bancário temporariamente por conta da economia de guerra motivada pelo coronavírus. O fato é alguma coisa precisa ser feita, para evitar uma quebradeira geral nas empresas brasileiras e que o país se torne um parque de diversão de banqueiros.

Veja Também: No Brasil, os políticos foram capturados pelos bancos