Diretora-assistente da OMS (Organização Mundial da Saúde), a médica Mariângela Simão afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que os brasileiros estão minimizando os riscos da pandemia do novo coronavírus. “É irreal pensar que [a crise] vai acabar logo”, diz a médica curitibana de 64 anos, responsável por traçar estratégias de enfrentamento à crise de sua casa, em Genebra (Suíça).
Ex-integrante do programa da ONU para a Aids, Simão desde 2017 na cúpula da OMS. É hoje a brasileira mais graduada no esforço internacional de combate à Covid-19. Ela diz concordar com a estratégia de isolamento adotada por diversos países, elogia a ação da China na crise e alerta, após ver fotos de praias lotadas no Rio de Janeiro, que o brasileiro deveria levar mais a sério a pandemia.
Para ela, o ideal é o que o país não tarde a fechar fronteiras, adotar a quarentena e, literalmente, pare. “A medida é para espalhar a curva [de crescimento dos casos] ao longo do tempo até que você tenha uma vacina e um medicamento eficaz”, avalia. “A forma de transmissão é muito diferente. Ninguém pega Aids apertando a mão ou dando beijo em alguém, tocando em superfície. As doenças respiratórias em geral são muito mais transmissíveis. O que é similar é que essa pandemia trouxe também bastante discriminação na fase inicial, especialmente contra asiáticos”, declara ela à Folha.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil