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CONSUMO DAS FAMÍLIAS E CONSTRUÇÃO CIVIL DEVERÃO SER DESTAQUES NO PIB

Redação - 03/12/2019 09:00

Pelos cálculos dos analistas, o principal destaque do 3º trimestre pela ótica da demanda foi mais uma vez o consumo das famílias na divulgação e análise do PIB que será feita hoje pelo IBGE.  O Ibre/FGV estima que um crescimento da ordem de 0,6% – o dobro do avanço de 0,3% registrado no 2º trimestre – e que a alta poderá acelerar para 1,3% no 4º trimestre. Os investimentos também contribuíram para a expansão da demanda doméstica, com alta de 1,5% no 3º trimestre, ante um avanço de 3,2% no 2º trimestre.

Entre os fatores que têm contribuído para um maior consumo, os analistas citam a queda da taxa básica de juros (Selic), a inflação baixa, o início dos saques do FGTS – que poderão injetar até o final do ano cerca de R$ 30 bilhões na economia – e a recuperação do mercado de trabalho, ainda que lenta e puxada pela informalidade, que tem feito aumentar o número de brasileiros ocupados e com alguma renda.

“Após o primeiro semestre mais fraco, a aceleração da atividade vem sendo impulsionada pelo crescimento da concessão de crédito, com a queda da taxa de juros, o que vem beneficiando tanto o consumo como os investimentos”, afirma Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, destacando que o saldo do crédito livre no sistema cresceu 13% em setembro em relação ao mesmo mês no ano anterior.

Já entre as grandes atividades econômicas, a expectativa é de um crescimento mais forte da agropecuária e sustentação do ritmo de alta dos serviços, com destaque para comércio. Já a indústria deve ter voltado a fechar no vermelho no 3º trimestre, afetada principalmente pela queda da indústria manufatureira, em meio ao tombo das exportações. “O efeito recessão argentina pode tirar em média 0,5 ponto percentual do resultado do PIB do Brasil nesse ano”, estima Matos, citando a queda das exportações brasileiras para o país vizinho.

Por outro lado, a construção civil é apontada como um dos destaques setoriais no 3º trimestre, podendo ter contribuído para compensar parte do impacto das perdas da indústria de transformação no resultado geral do setor industrial. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que os lançamentos de imóveis residenciais no país cresceram 4,1% no 3º trimestre, na comparação com os 3 meses anteriores, e 23,9% sobre o mesmo período do ano passado.

“Um dos destaques setoriais que esperamos para o PIB no 3º trimestre é o setor de construção, que no 2º trimestre já apresentou crescimento anual de 2% – o primeiro resultado positivo do setor desde 2014 –, e deve seguir apresentando resultados positivos, sendo um setor fundamental para o crescimento de longo prazo, considerando sua cadeia de produção e a forte geração de empregos”, avalia Vitória.

Para o ano que vem, o mercado prevê uma aceleração do ritmo de recuperação da economia. Pesquisa semanal Focus do Banco Central mostra que a média das estimativas dos analistas das instituições financeiras subiu de 2,17% para 2,20% na semana passada – a terceira alta seguida. O Banco Inter, por exemplo, elevou a projeção de alta do PIB em 2020 de 2,1% para 2,5%, citando a melhora do setor de construção e o crescimento do crédito.

Parte do mercado, porém, ainda não vê como garantido um crescimento acima de 2% no ano que vem, por conta do ambiente externo mais conturbado e da perspectiva de desaceleração global, em meio a uma guerra comercial que se arrasta desde o começo de 2018 e maior tensão social nos países vizinhos, e também da maior incerteza sobre o avanço da agenda de reformas no Brasil e do ritmo de retomada dos investimentos.

O fluxo de um maior volume de investimentos estrangeiros para o país continua incerto, ainda mais depois da frustração do mercado com o megaleilão do excedente da cessão onerosa do pré-sal, no último dia 6 de novembro, no qual praticamente apenas a Petrobras fez lances. “Do ponto de vista macroeconômico, o país está muito mais ajustado. Mas com um cenário mais incerto e um ambiente mais conturbado na América Latina, o investimento privado e o estrangeiro talvez ainda não venha com aquela pujança, mesmo com juros mais baixos”, diz Matos.

“Não vemos ainda um PIB muito forte pelos diversos riscos que estão presentes, especialmente a de uma recessão nos EUA, que pode fazer com o mundo tenha crescimento mais baixo do que se espera. Assim, por ora, não compramos a ideia de PIB retomando fortemente já em 2020”, afirma o economista Sérgio Vale. A consultoria Tendências também estima um alta do PIB em 2020 abaixo da média do mercado, da ordem de 1,8%.

“Nossa expectativa é de reação moderada da economia, em linha com os efeitos da política monetária em consumo e investimentos, em especial no setor imobiliário. Também contempla um andamento moderado da agenda de reformas, mas em ambiente político ainda volátil, o que junto com cenário externo ainda difícil limita a expansão em ritmo mais acelerado”, diz a economista Alessandra Ribeiro.(g1)

Foto: divulgação

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