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ITAÚ VÊ ALTERAÇÃO DE SELIC E MELHORA PREVISÃO PARA O PIB

Redação - 14/10/2019 16:15

O Itaú revisou para baixo suas projeções para a taxa básica de juros. O banco agora espera que o Banco Central (BC) faça dois cortes de 0,5 ponto porcentual na Selic neste ano, e mais dois de 0,25 ponto em 2020, fazendo com que a taxa chegue a 4% no fim de 2020. O câmbio menos volátil, o crescimento baixo e, em especial, a inflação bem ancorada abrem espaço para flexibilização monetária adicional, aponta o banco. “Passamos a esperar que o Comitê de Política Monetária (Copom) estenda o ciclo de corte de juros para além do nível de 5%. Em adição ao corte de 0,50 ponto projetado para a reunião dos dias 29 e 30 de outubro, acreditamos que o comitê realizará mais um movimento de mesma magnitude em dezembro, seguido por dois cortes de 0,25 ponto em fevereiro e março de 2020”, afirmam os economistas do banco em relatório.

Para o Itaú, os fatores de risco para a inflação tiveram poucas mudanças nas últimas semanas, enquanto as leituras recentes do IPCA “seguiram bem comportadas, mais baixas que o esperado”. Os economistas apontam, também, que os indicadores de atividade começaram a ensaiar recuperação mais consistente, mas notam que, diante da capacidade ociosa elevada, “melhoras nesse fronte ainda não representam risco relevante de pressão inflacionária no horizonte relevante de política monetária”. Na avaliação do banco, dada a queda do juro real neutro, “é necessário estímulo monetário adicional para que a economia passe a ter uma recuperação mais robusta”.

Além disso, o Itaú diz não ver risco de inflação de demanda nos próximos anos, mesmo se a atividade retomar um ritmo acima do esperado. “Dessa forma, à medida que as incertezas globais sejam reduzidas e a volatilidade do real diminua, haverá espaço para que os juros domésticos sejam reduzidos sem por em risco o controle da inflação.” Os economistas pontuam, ainda, que a queda adicional dos juros deve limitar a apreciação do real. O Itaú revisou suas projeções para a taxa de câmbio. Agora, os economistas do banco esperam o dólar a R$ 3,90 neste ano (ante R$ 3,80 antes), enquanto a projeção para a moeda americana em 2020 passou de R$ 4,00 para R$ 4,25.

PIB revisto para cima

A melhora nos números do terceiro trimestre, sobretudo relativos ao consumo, levou o Itaú Unibanco a revisar também sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 0,8% para 1%. Para o período de julho a setembro, o banco projeta uma alta de 0,5% ante os três meses imediatamente anteriores, feito o ajuste sazonal. Estimativas preliminares do Itaú para o terceiro trimestre chegaram a apontar PIB negativo, mas agora o banco estima que o consumo, por exemplo, crescerá 0,8%. Para o último trimestre do ano, o banco prevê crescimento do PIB de 0,7%, impulsionado por uma aceleração do consumo a partir dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “A melhora dos dados de atividade é boa notícia, mas ainda é cedo para afirmar que o crescimento já esteja se acelerando de forma consistente”, diz o Itaú em relatório.

Segundo o banco, sua métrica de crescimento subjacente segue próxima de 1% em termos anualizados (1,1% em agosto), o mesmo ritmo dos últimos dois anos, sem tendência de aceleração. A medida de crescimento subjacente é construída pelo Itaú a partir números para criação de emprego formal (Caged), crédito, confiança do empresário (FGV) e difusão (percentual de dados em expansão utilizando as aberturas da produção industrial, vendas no varejo, receita do setor de serviços e Caged). O Itaú destaca que o investimento ainda continua em tendência de crescimento lento. “Os dados mais recentes corroboram esse cenário, com a produção de bens de capital e insumos da construção civil recuando em agosto”, afirma. O banco projeta uma contração de 0,2% do investimento no terceiro trimestre. Para o PIB de 2020, a estimativa foi de alta de 1,7% para 2,2%, “devido à expectativa de estímulo monetário adicional”, diz o Itaú. Ou seja: a revisão para a atividade leva em conta a nova expectativa do banco para a Selic.

De acordo com a instituição, seus modelos indicam que, para cada 1 ponto percentual de queda na taxa de juros real, o crescimento trimestral anualizado do PIB também aumenta em cerca de 1 p.p. “Na nossa visão, a política monetária tem efeito maior na atividade hoje do que no passado, devido à redução da relevância do crédito subsidiado”. O Itaú também revisou suas projeções de taxa de desemprego. Para este ano, a estimativa subiu de 11,8% para 11,9% ao incorporar, segundo o banco, “os últimos dados apontando uma taxa de desemprego um pouco acima do esperado”. Ao final de 2020, a previsão caiu de 11,6% para 11,5%, com a expectativa de um crescimento do PIB mais elevado no próximo ano.

 

Foto: Reprodução 

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