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ADARY OLIVEIRA: O PANORAMA DO PETRÓLEO

Redação - 16/09/2019 15:00

Os Estados Unidos exportaram maior volume de petróleo do que a Arábia Saudita no mês de junho deste ano e a tendência é de manterem essa posição. Desde que os USA veem adotando a tecnologia de fraturamento hidráulicotêm aumentando a produção de petróleo e gás, tendo deixado de ser os maiores importadores de petróleo do mundo, passando a ser os maiores exportadores. A produção do “shale oil” e “shale gas”, extraídos do folhelho impregnado de óleo e gás, cujo processo, apesar de velho conhecido nos campos do Recôncavo, continua sendo proibido no Brasil por ação de ambientalistas.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA em inglês), os USA exportaram cerca de 9 milhões de barris de petróleo equivalentes por dia(boe/d), superando a Arábia Saudita, até então o maior país exportador. A maior produção brasileira, para se fazer uma comparação, foi de 3.555.624 boe/d obtidos no mês de julho deste ano, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A expectativa é de que esse volume cresça quando as companhias exploradoras marítimas adicionarem infraestrutura para transportar a crescente produção, dos campos do Texas e do Novo México, paraa costados USA.

O aumento da produção americana está anulando os esforços da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) e seus aliados que há três anos realizam corte na produção de petróleo objetivando a redução dos estoques. Esse aumento da produção e a longa guerra comercial USA – China estão influenciando a demanda mundial e provocaram uma queda do preço Brent do óleo em pelo menos 20% desde abril.

A IEA relata que durante o mês de junho as exportações americanas tiveram um incremento de mais de 3 milhões de boe/d, provocando uma redução das exportações da Arábia Saudita como parte do acordo da OPEP e recrudescimento da crise do oleoduto russo Druzhba que alimenta o mercado europeu.

No Brasil, a produção dos campos marítimos continua liderando a produção com 96,4% do petróleo e 80,3% do gás natural. Os campos operados pela Petrobras produziram 92,9% do petróleo e gás natural, sendo que os campos de participação exclusiva da Petrobras produziram apenas 42,5% do total. A produção do pré-sal já é majoritária, representando 61,4% do total produzido no Brasil.

Na Bahia, a produção de julho foi de 27.550 bpd de petróleo e 4.325 mil m3/dia de gás natural sendo o 5º estado maior produtor. As empresas de E&P independentes que atuam na Bahia, acreditam que é possível dobrar essa produção quando a Petrobras transferir para elas as concessões dos campos maduros, de há muito esquecidos pela estatal.

Em relação à exploração não convencional (shale oil e shale gas), enquanto os USA avançam e lideram a exploração mundial de petróleo e gás natural, e a vizinha Argentina inicia a produção em Vaca Muerta, o Brasil ainda não se desvencilhou da complexidade dos processos de licenciamentos ambiental e da realização de estudos que demonstrem a viabilidade, ou não, do uso da técnica do fraturamento hidráulico, sendo exigida a prévia regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Os campos de petróleo e gás natural da Bahia são os que reúnem mais informações para iniciação rápida da exploração não convencional de petróleo e gás natural, mas isso ainda se vai esperar por muito tempo. Para que se realize a saída da Petrobras, a chegada de seus sucessores, a reorganização da produção e a criação de novos empregos, vai nos fazer aguardar por muitos e muitos anos.

Para não se falar que nada está acontecendo por aqui, será realizado no Senai/Cimatec no dia 19 deste mês, o “REATE 2020: Encontro Nacional Bahia” que propõe discutir os desinvestimentos de ativos onshore da Petrobras, o mercado de gás natural na Bahia, o Plano de Ação do REATE no Ministério de Minas e Energia  (MME) e a institucionalização da indústria e multiplicação das companhias de O&G e de bens e serviços. Os votos são de que tudo ocorra bem e que voltemos a ter no negócio petróleo e gás natural a esperança que tivemos no passado.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor – [email protected]

 

 

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