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BURACOS NA PISTA AFETAM COMÉRCIO E USUÁRIOS NA BR-324

Redação - 02/08/2019 09:28

Na frente da churrascaria Malagueta, às margens da BR-324, na região de Valéria, em Salvador, um homem sentado em uma cadeira de plástico vermelha olha para o movimento dos carros e caminhões ao redor, como se não tivesse afazeres e só esperasse o tempo passar. Dentro do estabelecimento, mesas e cadeiras vazias e nada de clientes, apenas funcionários. Tem sido assim desde que, há cerca de três meses, uma obra da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) deixou buracos até hoje não cobertos na via marginal, o que afastou motoristas da região e diminuiu a clientela em 50%. A buraqueira é alvo de um jogo de empurra entre a estatal e a ViaBahia, concessionária da rodovia, que não assumem a responsabilidade pelos reparos. Em outro trecho da BR, em frente à Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), mais buracos.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou inquérito civil para investigar o problema. Recomendações foram expedidas pelo órgão à ViaBahia e Embasa, para que adotem medidas que solucionem o impasse. Uma audiência está marcada para hoje. Nela, órgãos municipais e federais devem prestar informações sobre medidas adotadas para resolver a questão. Enquanto os consertos não ocorrem, motoristas, moradores e comerciantes seguem colhendo os prejuízos pela situação caótica. É o caso do empresário Valdemir de Abreu. Nossa equipe o encontrou trocando um pneu do seu carro, que tinha acabado de ser danificado após passar por um buraco no trecho da obra da Embasa. Esse é o segundo pneu que ele vai precisar comprar em alguns meses por causa das más condições da via. Um prejuízo que passa de R$ 1,1 mil. “A gente paga pedágio, impostos do carro, tem que ter uma rodovia em perfeito estado”, reclama Abreu.

O motorista de transporte por aplicativo Janival Mendes conta que, na quarta-feira, 30, gastou R$ 300 para consertar parte do para-choque do carro, que quebrou após ele passar por um buraco próximo à Limpurb. “A situação aqui está difícil para a gente”, desabafa. No trecho, é possível perceber que houve alguns reparos feitos pela concessionária, mas, no geral, a configuração de pedaço da “Lua na Terra” continua. Por lá, passam diariamente motos, carros, ônibus e, principalmente, caminhões e carretas, que transitam aos solavancos.

No caso da churrascaria mencionada no início da reportagem, o proprietário Valdir Almeida conta que o momento é crítico para as finanças do estabelecimento. “Em 23 anos de churrascaria, nunca vi o movimento cair tanto. Estamos atrasando os salários de funcionários e o aluguel”, lamenta. Professor de direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Geovane Peixoto analisou documentos do contrato de concessão, recebidos por A TARDE. Para ele, não há dúvidas de que a responsabilidade pelos reparos é da ViaBahia. No caso de Valéria, a Embasa tem obrigação de cobrir os buracos, mas a concessionária poderia fazer isso e depois cobrar a dívida na Justiça, segundo Peixoto.

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