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INSTITUTO BAIANO DE CIRURGIA ROBÓTICA SERÁ LANÇADO EM SALVADOR

Redação - 17/06/2019 09:38

Ampliar o conhecimento sobre a Cirurgia Robótica a fim de difundir a tecnologia e torná-la acessível ao maior número possível de pacientes. Este é o propósito do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), que será lançado em Salvador amanhã, 18 de junho. Para alcançá-lo, serão oferecidas proctorias voltadas para a qualificação, orientação e suporte de médicos interessados em operar com o auxílio do robô Da Vinci, tecnologia que chegou à capital baiana este ano e representa a forma mais moderna de abordagem cirúrgica minimamente invasiva. Atualmente, o Brasil conta com mais de 50 “robôs-cirurgiões” para realização de cirurgia robótica. Conhecida como Da Vinci, a ferramenta tecnológica é utilizada principalmente no combate aos mais diversos tipos de câncer. Ela funciona através de um console, espécie de joystick com uma série de recursos que incluem a visão tridimensional e mais nítida, ampliada em dez vezes quando comparada à cirurgia convencional aberta. A filtragem de tremores das mãos dão ao médico mais precisão durante o procedimento. Além disso, a utilização do robô representa menos riscos de complicações, menores taxas de sangramento, menor dor no pós-operatório e recuperação mais rápida para o paciente.

“A impressão que temos é a de que colocamos a cabeça dentro do corpo humano, o que nos permite enxergar todas as estruturas nobres de maneira precisa, amplificada e tridimensional”, declarou o coordenador do IBCR, o urologista e “proctor” (instrutor de novos cirurgiões) Nilo Jorge Leão. Apesar da evolução da técnica, o cirurgião continua sendo o protagonista, pois é ele quem determina os movimentos realizados pelo robô através do console que fica a poucos metros de distância do paciente. “Independente da via de acesso, o que determina o resultado cirúrgico é um cirurgião experiente e habilitado para uso da plataforma robótica”, completou. O médico defendeu, ainda, que “a Cirurgia Robótica não pertence a ‘ninguém’. Ela é um avanço da Medicina que representa de maneira sólida o quão arrojada e genial é a mente humana. Por essa razão, nos orgulhamos de ser o primeiro instituto a oferecer formalmente o serviço de habilitação de médicos para utilização dessa tecnologia no Estado da Bahia”, destacou o coordenador do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica.

Robô em Salvador – Até a chegada da tecnologia à capital baiana, pacientes soteropolitanos interessados em se submeter à cirurgia robótica precisavam viajar para outras cidades para serem operados. Neste sentido, médicos como os urologistas Nilo Jorge Leão e Leonardo Calazans também tinham que se deslocar para hospitais de referência em São Paulo, como os Hospitais Samaritano, Paulistano, 9 de Julho, São Luiz e Sírio Libanês, além de três outros hospitais, para utilizar a tecnologia em seus pacientes de Salvador.

“A chegada do Da Vinci na Bahia representou um passo importante para a Medicina do estado, historicamente marcado por grandes nomes da medicina nacional. Acreditamos que a chegada do primeiro robô certamente impulsionará a aquisição da plataforma robótica por outros hospitais, o que representará, sobretudo, a expansão do acesso da população a essa tecnologia”, ressaltou Nilo Jorge Leão. A urologia é a especialidade que mais utiliza a plataforma robótica no Brasil, principalmente no tratamento do câncer de próstata. Contudo, o uso do robô tem se ampliado para diversas áreas, tais como Ginecologia, Coloproctologia, Cirurgia Torácica e Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Na urologia, além do câncer de próstata, a Cirurgia Robótica é utilizada para o tratamento de tumores renais (nefrectomias parciais ou radicais), tumores de Adrenal (Adrenalectomia), tumores da bexiga (cistectomias) e até mesmo para tratar mal formações congênitas (pieloplastia).

Custos – O principal problema da Cirurgia Robótica é o elevado custo de aquisição da tecnologia. O investimento inicial é estimado em U$$ 3 milhões de dólares, o que inclui a compra da máquina, o preparo estrutural de uma sala cirúrgica para receber o robô e o treinamento de alguns profissionais fundamentais para o funcionamento adequado da plataforma. O custo para o paciente varia de acordo com alguns fatores, tais como ter ou não plano de saúde aceito no hospital que possui o robô. Os honorários da equipe cirúrgica variam entre R$ 20 mil e R$ 50 mil, em média. Alguns planos de saúde reembolsam quase que integralmente esses custos ao paciente. Se, por um lado, o custo inicial de aquisição é elevado, por outro ele reduz tempo de internação e otimiza resultados cirúrgicos, representando redução significativa de gastos. Isso acontece devido ao menor tempo de internação hospitalar, menor taxa de infecção das feridas cirúrgicas, menor taxa de formação de hérnias abdominais e menor uso de analgésicos no pós-operatório. “Esse é um dos motivos pelos quais a robótica é a principal modalidade cirúrgica de escolha para tratamento do câncer de próstata, de rim e de útero nos Estados Unidos, onde já existem mais de três mil plataformas em funcionamento”, explicou Nilo Jorge Leão.

Segundo o especialista, para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), devido à carência de recursos, não há previsão para acesso à cirurgia robótica em curto prazo. “A videolaparoscopia está disponível pelo SUS em hospitais de Salvador e não deixa a desejar quando consideramos os resultados para o paciente”, completou o médico, que atua como coordenador do Núcleo de Uro-oncologia das Obras Sociais Irmã Dulce, é sócio da Uroclínica da Bahia e preceptor do Núcleo de Urologia do Hospital São Rafael.

Proctoria em Cirurgia Robótica – A empresa responsável pela comercialização do robô Da Vinci (Intuitive/Stratner) exige uma certificação para a prática da cirurgia robótica. Trata-se de  uma espécie de carteira de habilitação para operar a máquina. Como, em todo o Brasil, há poucos programas de habilitação e certificação para a prática da cirurgia robótica – o AC Camargo Cancer Center (Hospital AC Camargo), em São Paulo, é o único que, além de treinar seus cirurgiões para realizar cirurgias robóticas também os certifica formalmente junto à Intuitive/Stratner, as proctorias, também chamadas de preceptorias, surgem como uma alternativa para a qualificação dos médicos.

Para participar do serviço de suporte e orientação de cirurgiões iniciantes na técnica da Cirurgia Robótica, oferecido pelo IBCR em Salvador e reconhecido pela Intuitive/Stratner, o médico interessado deve, primeiramente, informar ao Instituto em que hospital credenciado ele deseja ser “treinado” (por enquanto, há um em Salvador e oito em São Paulo). Nas primeiras cirurgias no hospital escolhido, ele aprenderá sobre o processo de docking e undocking (conexões e desconexões do robô ao paciente) enquanto o “proctor” atua no console realizando a cirurgia e explicando didaticamente sobre o passo a passo do procedimento e funcionamento do console. Em paralelo, o cirurgião em treinamento deve pleitear sua certificação formal junto ao hospital escolhido para realizar os seus casos e junto à Stratner. Apenas após a certificação, o cirurgião estará autorizado a atuar no console do Da Vinci. Uma vez certificado, com o apoio do proctor, de uma instrumentadora capacitada e de um auxiliar de campo do IBCR, o cirurgião começará a utilizar o console sob supervisão, onde avançará progressivamente. A curva de aprendizado varia muito de um cirurgião para outro, mas o número mínimo recomendado de cirurgias sob supervisão, em console, é de 10 procedimentos, podendo chegar a 40 ou 50 cirurgias, a depender da complexidade dos casos, do desejo do cirurgião e da avaliação do proctor.

 

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