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ADARY OLIVEIRA: A VIDA QUE SE VIVE É UM JOGO ?

Redação - 15/04/2019 16:32

No nosso dia a dia nos deparamos com situações que podem ser consideradas parte de um jogo, ou então dedicamos parte de nossa vida a participar de jogos. Se não for jogo de capoeira pode ser um jogo de xadrez. Se o tabuleiro não for de xadrez pode ser de dama ou de gamão. Se não estivermos diante de um tabuleiro podemos estar jogando bola, num baba ou numa pelada, ou mesmo torcendo por um time da nossa cidade, do nosso estado, ou do nosso país numa competição esportiva. Um amigo meu costumava dizer que na política o maior cacife é de quem tem mais votos e que um dia, haveria alguém que iria inventar um instrumento para fazer a contagem do número de votos que cada político tem a cada momento. O jogo assim ficaria mais fácil de ser vencido. No mundo da produção industrial o jogo é com o produto, a preferência dos consumidores, o menor preço, a melhor qualidade, tornando-se uma luta sem fim pela sobrevivência. Quem está no poder joga o tempo todo para exercer o poder e para permanecer no poder.

Os indivíduos e as organizações para se sentirem bem, prosperarem ou para sobreviverem, estarão sempre pensando em como atuar, como se relacionar com os outros ou como, em caso de interação com seus pares, agir estrategicamente, tomando decisões interdependentes como se estivessem jogando o tempo todo. A Teoria dos Jogos (TJ), muito difundida nos dias de hoje, é aplicada nas operações militares, delações premiadas, concorrência comercial, comportamento das pessoas, determinação de preços, localização de instalações, equilíbrio de sistemas abertos e fechados.  Na TJ os jogos são teoricamente representados por processo de interação estratégica e costumam ser classificados como sequenciais, simultâneos, de soma zero, estritamente competitivos e repetidos.

As pessoas de muita experiência, de vida longa ou não, que já jogaram o mesmo jogo várias vezes, e por isso mesmo puderam aprender por meio de processo de aproximações sucessivas ou de tentativas e erros, podem simular situações que lhe levem a chegar a conjunturas consideradas vitoriosas. Os trajetos percorridos, as decisões tomadas ou os roteiros preestabelecidos podem se tornar sinuosos ou errados para aqueles de pouca experiência. Porém, são seguros e corretos para aqueles que já trilharam caminhos iguais em situações que tiveram de decidir entre várias alternativas.

O bom jogador comporta-se racionalmente, se baseia em fatos vividos e tem certeza das suas vitórias. Não se deixa levar por emoções nem toma decisões estratégicas equivocadas, muitas vezes de aparências corretas. É por isso que é aconselhável, em muitas deliberações, ao invés de se deixar levar pelo domínio pela força, vigor e vontade de fazer dos jovens, ouvir o conselho dos mais velhos, de quem já vivenciou situação parecida.

A Teoria dos Jogos que se estuda nas escolas costuma ser recheada de exemplos interessantes como: a Batalha do Mar de Bismarck, que retrata uma situação de guerra, em 1942, em que um reforço japonês e chinês foi derrotado pelas forças aliadas; o caso da montadora de automóveis que decidiu reduzir o preço de seu modelo menos vendido; o comportamento da OPEP, cartel que reúne os principais produtores de petróleo e buscam definir o preço estabelecendo o nível de produção de cada um; o exemplo do fabricante de pneus que decidiu uma nova localização em função da paridade das moedas; a decisão de uma multinacional da indústria química que procura distribuir seus ativos por critério geográfico; a decisão de uma empresa que investe perdendo dinheiro para impedir o avanço de um concorrente em determinado território.

Na contribuição de cientistas para valorização da Teoria dos Jogos merece citação os trabalhos que falam do Equilíbrio de Nash, Ótimo de Pareto, Modelo de Cournot, Modelo de Bertrand, Paradoxo de Edgeworth, Quantidades de Stackelberg, Teorema de Bayes. Num mundo em que tudo é feito com auxílio da informática faz bem acreditar que os jogos jogados na vida, a cada dia que passa, são introduzidos no mundo dos negócios de forma racional e estratégica.

Adary Oliveira é presidente da Associação Comercial da Bahia – [email protected]

 

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