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ABRAPA TEM FEEDBACK POSITIVO NA TURQUIA E NA CHINA, MAS AUMENTO EXPRESSIVO DA SAFRA DE ALGODÃO PREOCUPA COTONICULTORES

Redação - 23/10/2018 15:01

Terminou em Hong Kong, na China a Missão Vendedores 2018, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que leva os cotonicultores nacionais para dialogar com o mercado comprador e apresentar o desempenho da atividade no Brasil. Este ano, a missão foi à Turquia e à China, importantes destinos da pluma do país na Ásia, mercado que representou, no ciclo 2017/2018, 80% das importações de algodão.

Os trabalhos começaram no dia 8 de outubro, em Kahramanmaras, na Turquia, e prosseguiu nos dias 11 e 12, nas cidades chinesas de Xangai e Qingdao, respectivamente, finalizando,  no dia 18, em Hong Kong, onde a Abrapa realizou o último dos Brazilian Cotton Day desta edição, com uma série de reuniões com empresários e traders, além de apresentações de especialistas. Na última parada, um dos pontos mais debatidos foi o risco logístico da safra 2018/2019, estimada em 2,5 milhões de toneladas de pluma, das quais, de 1,6 a 1,7 milhão de toneladas devem seguir para o mercado externo.

“Na safra 2017/2018, que foi um recorde, já enfrentamos alguns problemas de atraso nos embarques, porque os contêineres disponíveis para isso rarearam com a diminuição das importações brasileiras. Este ano, o produtor provavelmente terá de estocar algodão na fazenda. Toda a cadeia produtiva está se movimentando para buscar soluções para evitar transtornos que podem ser ainda maiores com o aumento expressivo da produção.

Não podemos ficar reféns da nossa competência”, disse o presidente da Abrapa, Arlindo de Azevedo Moura. Algumas alternativas já estão sendo estudadas, inclusive os embarques pelo Porto de Salvador, que começaram a se tornar mais expressivos, mas ainda em caráter experimental, este ano.

Regularidade – O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski, ressaltou a importância da constância da oferta para o mercado asiático, o que depende, principalmente, da frequência das linhas marítimas para fazer os embarques. “Esse é um ano muito importante para se prometer menos e entregar mais. Quando o Brasil conquistar uma fatia significativa do mercado asiático, não terá mais volta. Quando eles experimentarem, de fato, o algodão do Brasil, passarão a ser compradores fieis.

Para isto, é preciso fazer mudanças estruturais. O produtor tem feito a parte dele”, disse Snitcovski. A regularidade na oferta foi um consenso em todas as reuniões. De acordo com o tesoureiro da Abrapa e presidente do conselho administrativo do grupo SLC Agrícola, Eduardo Logemann, “o Brasil não quer ser mercado de oportunidade, quer ser fornecedor permanente”, ressaltou.

Dentre os espaços que o país pode ocupar na Ásia a curto prazo, o mais promissor é o que surge da desavença comercial entre a China e os Estados Unidos. Para o diretor da trading Reinhart em Pequim, Thomas Reinhart, a curto prazo, o Brasil tem uma vantagem política na China, devido às relações comerciais arranhadas entre esta e os EUA.  “Porém, a longo prazo, isso não será a influência decisiva sobre os preços do algodão brasileiro. Se a fibra norte-americana não pode entrar na China, vai competir com mais força nos demais mercados, deixando a demanda total quase inalterada”, disse.

Marketing e qualidade – Thomas Reinhart acredita que a estratégia de marketing do algodão brasileiro deve estar focada a longo prazo, e não em circunstâncias políticas momentâneas. Ele também diz ser necessário “um trabalho contínuo para manter e melhorar a qualidade, especialmente a respeito do comprimento da fibra e do teor de fibras curtas; assim como os investimentos públicos e privados na infraestrutura necessária para assegurar a logística para sustentar as exportações crescentes”, concluiu.

Nas reuniões, também foram apresentados os programas que a Abrapa desenvolve em Qualidade e Sustentabilidade, como o Standard Brasil HVI, que padroniza e verifica os resultados das análises e classificações instrumentais de algodão, e o Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que trata das boas práticas na produção da pluma, e que opera em benchmarking com o protocolo internacional Better Cotton Initiative (BCI), referência mundial em licenciamento de fibra sustentável. Tanto nas reuniões da China quanto da Turquia, o ABR/BCI foi destacado como um diferencial da pluma brasileira por diversos participantes.

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