O ex-ministro petista Antonio Palocci afirmou em delação premiada que as duas últimas campanhas presidenciais do PT para eleger Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, teriam custado juntas R$ 1,4 bilhão, mais do que o dobro dos valores declarados oficialmente à Justiça Eleitoral.
Palocci disse que a “ilicitude das campanhas” começava nos “preços elevadíssimos que custam”. “Ninguém dá dinheiro para as campanhas esperando relações triviais com o governo”, afirmou ele, que prossegue: “As prestações regulares registradas no TSE são perfeitas do ponto de vista formal, mas acumulam ilicitudes em quase todos os recursos recebidos”.
Ainda em sua delação, o ex-ministro afirma que as doações oficiais serviam para quitar saldo de acertos de propinas em obras públicas, como na Petrobras:
“Grandes obras contratadas fora do período eleitoral faziam com que os empresários, no período das eleições, combinassem com os diretores que o compromisso político da obra firmada anteriormente seria quitada com doações oficiais acertadas com os tesoureiros dos partidos, coligações, etc”.
De acordo com o ex-ministro, a campanha de 2010 custou R$ 600 milhões, e a de 2014, R$ 800 milhões. Os gastos declarados, porém, foram de R$ 153 milhões e R$ 350 milhões, respectivamente.
Tais doações tinham, em sua maioria, origem ilícita, com a negociação de contratos e percentuais com o governo. “Ninguém dá dinheiro para campanhas esperando relações triviais com o governo”, disse o ex petista.
Os esquemas de arrecadação ilícita contavam com a venda de emendas legislativas e medidas provisórias. De acordo com Palocci, 90% das medidas provisórias propostas pelos governos petistas envolveram pagamentos de propina.
A delação prossegue com a informação de que contratos de publicidade da Petrobras envolveriam repasses de 3% ao PT. Nem mesmo a proposta de nacionalizar a exploração do pré-sal teria escapado das falcatruas.
De acordo com Palocci, o assunto envolveu “um interesse social e um interesse corrupto”, dado que atender aos interesses das empreiteiras nacionais facilitaria doações para as campanhas do PT.
Palocci está preso no Paraná há dois anos.
Advogado de Lula se manifesta:
A maneira como o juiz Sergio Moro agiu, ao levantar o sigilo das informações, reforça “o caráter político dos processos”, disse em nota enviada á imprensa o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou que relacionados ao ex-presidente.
“Moro juntou ao processo, por iniciativa própria (‘de ofício’), depoimento prestado pelo sr. Antônio Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal. Soma-se a isso o fato de que a delação foi recusada pelo Ministério Público.
“Para a defesa, o ex-ministro mentiu mais uma vez, “sem apresentar nenhuma prova”, para obter benefícios, como a possibilidade de perdão judicial.