O reitor da Universidade Católica do Salvador, padre Maurício Ferreira, disse, em entrevista à Rádio Metrópole, que não há uma cultura de filantropia no Brasil. Segundo ele, no país, os empresários fazem ações sociais em troca de redução de tributos. “No Brasil, não existe filantropia de fato. O que existe é troca tributária. Talvez os governantes não tenham entendido o papel fundamental que nos países de primeiro mundo a filantropia tem. […] Pense que cerca que 90% das praças esportivas educacionais nos Estados Unidos não foram levantadas com recursos públicos, mas da própria sociedade civil. Podíamos ter essa cultura”, afirmou.
O padre nomeou os problemas na sociedade brasileira de “crises na família”, já que têm atingido diretamente o cotidiano das pessoas. “Aliás, em meio às crises, as grandes empresas e organizações lucram muito. Quem é rico termina mais rico e quem é mais pobre termina mais pobre. […] Embora o Brasil tenha a carga tributária europeia, os resultados são da Índia”, ressaltou. O reitor criticou os indicadores da educação no país. Para ele, o Ideb mostrou que o ensino fundamental do Brasil está em situação “lamentável”, Já o ensino médio está em “crise desastrosa”.
“O Brasil não consegue sair bem em nenhuma prova internacional, nem no ensino básico, nem para o superior. Não quero apontar se é Francisco ou Chico, mas o modelo levado até aqui não produziu resultados. Não sabemos nem o que se esperava. […] Esse modelo de considerar que o estudante entra e não tem nada na cabeça, e é preciso encher ele de coisa só para ele sair com diploma, não serve. Faliu. Além de ser oneroso. Não consegue dar conta das novas exigências no mundo”, pontuou. Segundo ele, após a crise, houve queda de 42% no número de matrículas nas instituições de ensino superior.
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