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A.AVENA : PRECISAMOS FALAR SOBRE VIOLÊNCIA

Redação - 03/08/2018 05:36 - Atualizado 03/08/2018

Os candidatos a presidente precisam começar a falar sobre a explosão da violência e sobre suas propostas para restaurar a paz no Brasil. No ano passado morreram 60 mil pessoas no país, quase o dobro do número de mortos na Síria, país envolvido em uma sangrenta guerra civil. O número é alarmante e a grande maioria das vítimas são os jovens, o que significa que o Brasil está matando seu futuro. Mais alarmante ainda é a constatação de que o crime organizado está crescendo mais que a economia e que nesse setor não há recessão. Esta semana, por exemplo, foi desbaratada uma quadrilha de ladrões de carga que tinha CEO, organograma e uma network de dar inveja a muitas empresas brasileiras.

Na semana passada, ficou constatado o avanço do PCC – Primeiro Comando da Capital em todo o país e foi divulgado que a facção não cobra mais a taxa de adesão e está lançando a campanha “adote um irmão” para ampliar seu exército de criminosos.  Em resumo: a violência está fora de controle e os  candidatos à presidente precisam dizer o que vão fazer para restabelecer a paz no Brasil. E não faz sentido fazer como o candidato Jair Bolsonaro cuja proposta é armar os cidadãos, transferindo para a população  a tarefa constitucional de viabilizar a segurança pública e fazendo o país voltar ao tempo do velho Oeste americano, quando cada um resolvia seus problemas na bala.

Tampouco adianta dizer platitudes e obviedades e levantar pomposamente a necessidade de um “Plano Nacional de Segurança Pública”, sem dizer o que é isso e como será implementado.  Não se pode, por outro lado, esgrimir o discurso batido que credita às desigualdades sociais o aumento da violência, afinal as estatísticas mostram que na década passada, quando mais de 30 milhões de brasileiros saíram da miséria, a criminalidade não parou de crescer.  Também não cabe o argumento que diz ser a violência invencível, já que é subproduto do consumo de drogas.  Cidades tomadas pelo tráfico, como Bogotá e Medellín reduziram a criminalidade  drasticamente, implantando um programa articulado de  ação, envolvendo o governo federal, os estados e os municípios, distribuindo funções e responsabilidades a prefeitos, governadores e ao Poder Judiciário.

Bogotá e Medellín reformularam a polícia e o sistema prisional, mas ao mesmo tempo aumentaram a autoestima da população, urbanizando os bairros e as favelas, tomando os bairros das mãos dos traficantes, reformando espaços públicos, construindo centenas de bibliotecas, inserindo os jovens, criando centros de recuperação e policiamento comunitário, enfim, agindo em todas as frentes e dando responsabilidades a todos os agentes envolvidos.  O brasileiro está a exigir propostas como essas e um programa efetivo de redução da violência que neste momento é tão ou mais importante do que o ajuste da economia, o ajuste fiscal e a reforma da previdência, afinal, de que vale tudo isso se a vida não tiver importância.

                                                           VIOLÊNCIA NA BAHIA

 Os candidatos a governador precisam começar a falar sobre a explosão da violência na Bahia  e sobre suas propostas para restaurar a paz em nosso estado. No ano passado morreram 7,2 mil pessoas na Bahia e entre 2006 e 2017 o número de homicídios cresceu 100%.  Em número absolutos, a Bahia é o estado com maior número de homicídios do país. E cinco das dez cidades mais violentas do Brasil estão na Bahia. O números são do Atlas da Violência 2018 e não adianta o Secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, querer condenar os números em vez de condenar os criminosos.  Tampouco adianta aquele discurso vazio que afirma ser a violência um problema nacional, afinal em outros estados do país os índices de violência cresceram muito menos. O eleitor baiano está a exigir um programa de ação estruturado para viabilizar a redução da violência na Bahia, afinal de antes de cuidar de qualquer coisa o governo precisa cuidar de proteger a vida.

                                                     MUDANCAS NO CAMPO

A agropecuária baiana está mudando e ninguém percebeu. O campo baiano emprega cada vez menos mão-de-obra e se moderniza de forma acelerada. A população ocupada na agropecuária baiana caiu quase 11% entre 2006 e 2017, já o número de tratores cresceu 40% no mesmo período.  As fazendas de gado estão dando lugar a outras atividades e o efetivo de bovinos caiu 20% em relação a 2006, fazendo a Bahia cair duas posições no ranking do rebanho bovino do país, ficando em 10º lugar. Em compensação, o estado  ultrapassou o Rio Grande do Sul e assumiu o 1º lugar no ranking nacional de ovinos. A produção de algodão cresceu e a Bahia é o maior produtor do país, além de ser 6º maior produtor de soja, cuja produção mais que duplicou entre  2006 e 2017.

                                                            MARIO CRAVO

A estrelas que compõem o Cruzeiro do Sul são cinco. Quatro delas formam uma cruz: Pálida, Rubidéa, Mimosa e a Estrela de Magalhães. Mas existe um estrela pequenina que se intromete na cruz e que, por esse motivo, chama-se:  a intrometida. A bruxa má resolve então roubar essa estrela. Conto essa história a Mario Cravo e ele gargalha, a risada solta por trás do grande bigode. “Ora, eu sei disso. Fui astrônomo na juventude. Deixe-me ver esse livro”. E os originais do meu livro infantil foram parar nas mãos de Mario Cravo. Um mês depois volto a vê-lo e Mário me dá de presente uma série de desenhos maravilhosos que vão se transformar nas ilustrações do meu livro “Fabrício e as Estrelas”, editado de forma primorosa por Miriam Fraga e que autografamos juntos na Casa de Jorge Amado no Pelô. Mario Cravo era assim surpreendente, imprevisível, forte e arrogante como a Bahia. Jorge Amado dizia que ele era uma força da natureza por capricho dos deuses desencadeada na Bahia. O ferreiro de Exu se foi, mas deixou um tesouro espalhado na ruas e museus da Bahia e uma linda bruxa para encantar a literatura.

                                              A HISTÓRIA CONTADA PELAS MULHERES

 Num tempo em que a misoginia era a regra, houve um profeta que tomou partido das mulheres, que impediu o apedrejamento da adúltera, que tocou na mulher que diziam ser impura e que andava com elas pelos campos.  E, no entanto, quando os evangelistas, todos homens, contaram a história simplesmente desbotaram a cor e a importância dessas mulheres na saga de Jesus Cristo, o maior de todos os profetas. Esse é o tema do meu livro “Maria Madalena: O evangelho Segundo Maria (A História Contada pelas Mulheres), que estarei lançando no próximo dia 22 de agosto, à partir das 17 horas, na Livraria Cultura do Salvador Shopping.  Uma palestra sobre o tema e um pré-lançamento ocorrerá na 2ª Feira Internacional do Livro – Flipelô, na próxima quinta-feira, 9 de agosto.  Junto comigo estará a escritora Adelice Souza, no evento “Conversa com o escritor” que ocorre às 14 horas no  Museu Eugênio Teixeira Leal.

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