Com um déficit primário nas contas públicas da União beirando os R$ 150 bilhões, o enxugamento da máquina estatal virou um tema recorrente entre candidatos e pré-candidatos à Presidência da República nas eleições 2018. Um reforma administrativa que implique corte de ministérios tem traçado uma linha ideológica clara entre os postulantes ao Planalto. No campo do centro e da direita é possível encontrar quem pregue cortes radicais.
Já os nomes que se situam mais à esquerda na corrida eleitoral minimizam a efetividade da medida ou propõem a volta de ministérios que já foram extintos. Em 1990, no início do primeiro governo eleito no pós-regime militar, com Fernando Collor de Mello, o País tinha 12 ministérios. Já em 2015, no segundo mandato da presidente cassada Dilma Rousseff, o primeiro escalão do governo reunia 39 pastas. Atualmente, com Michel Temer, são 29 ministérios e órgãos com esse status.
Segundo Raul Velloso, especialista em contas públicas, o “problema é gigante e faltam soluções inovadoras”. Para ele, os cortes ministeriais podem ser positivos, mas teriam um impacto mais moralizador do que efetivo na questão do déficit público. “Diminuir o número de ministérios seria importante no sentido de que qualquer economia do dinheiro do contribuinte é importante, mas o corte não pode ser vendido como algo fundamental”, disse.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos coordenadores de campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) e responsável por desenhar cortes em eventual reforma administrativa caso o deputado seja eleito, declarou que a ideia seria cortar pela metade o número de pastas. Ou seja, passar de 29 para, no máximo, 15 ministérios, além de promover um corte de cargos de confiança. Bolsonaro não esclarece que ministérios seriam sacrificados, mas já falou em discursos que pretende fundir Agricultura e Meio Ambiente e extinguir Educação.
Também sem especificar pastas, o pré-candidato Alvaro Dias(Podemos) imagina uma estrutura governamental com 17 ministérios. Mais recentemente, o presidenciável tucano Geraldo Alckmindeclarou que pretende extinguir dez ministérios – além disso, ele apoia a proposta de emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo PSDB na Câmara que reduz de 81 para 54 o número de senadores e de 513 para 395 o de deputados.