Uma parcela de apenas 13% dos oceanos do planeta ainda pode ser classificada hoje como “vida marinha selvagem” – isto é, intocada por influências humanas -, de acordo com um novo estudo realizado por um grupo internacional de cientistas e publicado nesta quinta-feira, 26, na revista científica Current Biology.
De acordo com os autores da pesquisa, o trabalho é a primeira análise sistemática da vida marinha selvagem com abrangência global. Segundo eles, essas áreas, importantes para a biodiversidade marinha, estão atualmente distribuídas de forma assimétrica, concentrando-se especialmente no Ártico, na Antártica e em torno de remotas ilhas do Oceano Pacífico. Praticamente nada restou nas regiões costeiras dos continentes.
“Essas áreas marinhas que podem ser consideradas intocadas estão se tornando cada vez mais raras, enquanto as frotas de navios pesqueiros e de carga expandem seu alcance por quase todos os oceanos do mundo, ao mesmo tempo em que o escoamento de sedimentos sufoca muitas áreas costeiras”, disse o autor principal do estudo, Kendall Jones, da Universidade de Queensland (Austrália).
Para realizar o estudo, os cientistas usaram dados classificados em 19 categorias de impactos humanos, incluindo navegação comercial, escoamento costeiro de fertilizantes e de sedimentos e vários tipos de atividades pesqueiras, considerando seu impacto cumulativo. No critério utilizado no mapeamento, foram consideradas como áreas de vida selvagem marinha aquelas nas quais o impacto dessas categorias foram menores que 10%.