Depois de anunciar que não será candidato à presidência da República, o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, negou ao jornal Valor Econômico que teve desentendimentos com o PSB, partido ao qual se filiou em abril, mas manteve suas críticas ao sistema partidário em geral.
“Os políticos criaram um sistema político aferrolhado de maneira a beneficiar a eles mesmos. O sistema não tem válvula de escape. O cidadão brasileiro vai ser constantemente refém desse sistema. Você não tem como mudá-lo. Esse sistema contém mecanismos de bloqueio que servem para cercear as escolhas do cidadão”, disse ele ao jornal, lamentando ainda que o sistema eleitoral não permita candidaturas avulsas. “Por que um cidadão tem que se filiar seis meses antes? Foi isso me levou a me filiar. Me filiei quando ainda tinha muitas dúvidas. Sou abordado há muito tempo por pessoas que dizem que tenho potencial. Se não me filiasse tiraria a possibilidade das minhas cogitações. É um absurdo que país não permita candidaturas avulsas. Deixa de fora uma grande quantidade de pessoas”.
O ex-ministro ainda afirmou: “não acredito que esta eleição mude o país. O Brasil tem problemas estruturais gravíssimos, sociológicos, históricos, culturais, econômicos”. Ele disse ter temor de que a escolha do novo presidente aprofunde desigualdades sociais: “Meu temor é que os grupos que são indiferentes a isso vão se unir para dominar esse processo eleitoral. Se uniriam contra mim, não tenho dúvidas”, apontou, afirmando que o que fica do período em que foi cogitada a sua candidatura é de que é “inviável uma candidatura fora desse sistema pernicioso”.