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FAMÍLIAS OCUPAM PRÉDIO INACABADO NO STIEP E CRIAM REGRAS DE CONVIVÊNCIA

Redação - 05/05/2018 11:44

Os “donos”, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), pagam uma taxa mensal de R$ 30 para que não haja gambiarras e para que as divisórias dos apartamentos sejam de bloco. Também é proibido armazenar materiais recicláveis.

“A taxa é um valor simbólico para a manutenção do prédio. A tragédia de São Paulo só reforçou que agimos corretamente com a prevenção”, diz a cabeleireira Inalva Batista Lopes, 50 anos, uma das líderes do grupo, fazendo referência ao incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no dia 1º deste mês, no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo. A tragédia deixou um morto e cinco possíveis desaparecidos.

Desempregada, Inalva não podia mais pagar quase R$ 600 de aluguel na Boca do Rio e, em 16 de janeiro de 2017, ela chegou com as duas filhas à ocupação, que já existia desde 16 de dezembro de 2015, quando famílias conviviam em vãos abertos e compartilhavam água e luz com inúmeras ligações clandestinas, além de uma horta e cozinha comunitárias. Estima-se que o prédio esteja abandonado há 20 anos.

 A cabeleireira conta que todos concordaram em pagar os R$ 30. Ainda segunda ela, a manutenção do prédio é feita por três equipes formadas por eletricistas, encanadores e pedreiros. “Substituímos aquele emaranhado de fios por instalações comuns nas casas residenciais, com o uso de disjuntores”, explica um dos eletricistas Jackson Pereira Brito, 55, um dos primeiros a ocupar o prédio.

Um fio geral é ligado a um poste de iluminação pública, que, por sua vez, distribui energia para o prédio. Nas lâmpadas externas, há até sensores, para economizar luz – que ainda não é paga porque os moradores pediram e aguardam a regulação do serviço pela Coelba. A empresa informou que a situação é irregular. No caso da água, há uma tubulação que distribui a água do quinto andar para o restante do prédio.

Segundo Jackson, o medo do que aconteceu com o edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo, chegou a ser realidade logo no início. “Vivíamos com medo de uma tragédia. Alguns que passaram por aqui já tiveram a terrível experiência de o prédio ocupado pegar fogo por um curto-circuito ou vela acesa. Alguns moradores são catadores de lixo e guardam o que recolhem na rua numa área afastada do prédio”, relata o eletricista.

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