Gianni Infantino declarou que a Copa do Mundo da Reussia foi “a melhor de todos os tempos”. Natural, afinal foi a primeira dele como presidente da Fifa. Esta também foi a primeira Copa desde 1978 semJoão Havelange ou Joseph Blatter no comando, a primeira desde que uma investigação conduzida por autoridades americanas derrubou toda a cúpula da “velha Fifa” e abriu caminho para a chegada de Infantino ao poder.
Mas a primeira Copa da “nova Fifa” não foi muito diferente das anteriores. Na verdade, foi até mais fechada. A Fifa aboliu suas entrevistas coletivas diárias – comuns em todas as Copas antes desta – e portanto se livrou do incômodo de ter que responder a perguntas todos os dias. A entidade se pronunciava por meio de seu site oficial e só respondia aos pedidos de informação quando julgava convenientes. A regra foi evitar todas as polêmicas, especialmente na Rússia, um país com relações tão tensas com as potências ocidentais.
O episódio em que a CBF reclamou da atuação da arbitragem no jogo entre Brasil e Suíça é ilustrativo. No dia seguinte ao jogo, dirigentes da cúpula da entidade falaram de maneira informal, com os gravadores desligados, a três veículos de comunicação do Brasil – entre eles o GloboEsporte.com. Em resumo, defenderam a atuação do árbitro mexicano Cesar Ramos e deixaram claro que não havia motivos para a CBF se queixar.
No dia seguinte, a Fifa enviou uma carta para a CBF na qual citou “relatos incorretos da mídia” e disse que “não fornece comentários não oficiais sobre as decisões dos árbitros”. Os “relatos incorretos” nunca foram contestados pela Fifa. Duas semanas depois, quando os chefes do comitê de arbitragem deram uma entrevista coletiva sobre o assunto, os lances do jogo entre Brasil e Suíça foram exibidos como exemplos de acertos dos árbitros – exatamente o que os “relatos incorretos da mídia” haviam publicado.
A Copa do Mundo de 2018 também consolidou o processo de aproximação dos torneios da Fifa com a maneira como os esportes americanos organizam seus eventos. Os jogos de Copa agora têm uma contagem regressiva no telão antes do pontapé inicial, o sistema de som dos estádios toca músicas a cada gol marcado a cada intervalo – nem na prorrogação há silêncio.