Enquanto Brasil e Itália disputavam a final da Copa do Mundo de 1994, em Los Angeles, nos EUA, os termômetros marcavam cerca de 28ºC – temperatura suficiente para forçar uma parada para hidratação no Campeonato Brasileiro. O jogo havia sido marcado para começar às 12h30 da tarde, em pleno verão do hemisfério norte. Mas o que isso significa?
A final da Copa é o evento esportivo com a maior audiência de TV no mundo. Em 2014, mais de 1 bilhão de pessoas assistiram, por pelo menos um minuto, Alemanha x Argentina. Por isso, a Fifa nunca pensou duas vezes na prioridade para definir o horário do jogo: a audiência. Mais especificamente, a europeia. Se em 1994 os jogadores e a torcida sofriam com o sol do meio-dia nos EUA, os europeus eram agraciados com o jogo no horário nobre das 21h30.
Sabendo dessas cifras de audiência, patrocinadores pagam caro à Fifa para terem o direito de expor suas marcas em qualquer oportunidade possível durante o jogo, como nas placas ao redor do campo. A audiência de televisão ainda aumenta a cada quatro anos. Pelo menos 11 partidas da primeira fase do mundial na Rússia tiveram médias de audiência global maiores do que a final de 2014.
Desde 1970, quando a Copa do Mundo se tornou um evento voltado para a televisão, em apenas duas oportunidades a final não começou entre as 19h e as 21h da Europa continental (fuso das cidades de Berlim, Paris, Roma, Madrid, Amsterdam e Bruxelas, por exemplo): 1974, na Alemanha, o jogo começou às 16h da Europa continental (mesmo horário local, de Berlim) 2002, no Japão, o jogo começou às 13h da Europa continental (20h no horário local de Yokohama)
Em 2018, o fenômeno vai se repetir pela terceira vez. O jogo entre França e Croácia começa às 18h do horário de Moscou, 17h na Europa continental – o que inclui as capitais dos dois países envolvidos (Paris e Zagreb, respectivamente).
Em 1974 o horário das 16h era pensado para a Europa, de qualquer forma. Em 2002, a Europa só seria contemplada com o horário nobre se a Fifa obrigasse os jogadores a entrarem em campo às 3h da manhã do horário local. Mas, em 2018, a mudança não vem por acaso.
Enquanto patrocinadores europeus e norte americanos se afastam da entidade por causa da explosão de casos de corrupção, empresas asiáticas ganham cada vez mais espaço e influência com a Fifa. Basta olhar os anunciantes no backdrop – aquele painel que fica atrás dos jogadores enquanto eles concedem entrevistas.