

As celebrações de fim de ano podem ser um período delicado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Luzes piscantes, músicas em volume elevado, fogos de artifício, cheiros intensos de alimentos e a grande circulação de pessoas são estímulos comuns nessa época e podem gerar desconforto.
“Para pessoas com TEA, que frequentemente apresentam maior sensibilidade sensorial, esse excesso de estímulos pode provocar ansiedade, irritabilidade, crises de choro ou necessidade de isolamento. Além disso, a quebra da rotina, como horários diferentes para dormir, comer ou realizar atividades habituais, tende a aumentar a sensação de insegurança e desorganização emocional”, explica a fisioterapeuta e fundadora da Clínica Espaço Kids, Jamaica Araújo.
Contudo, é possível adotar estratégias simples para tornar esse período mais acolhedor e inclusivo. “O primeiro passo é o planejamento. Antecipar para a pessoa com TEA o que vai acontecer, explicar como será o ambiente, quem estará presente e quanto tempo a celebração deve durar ajuda a reduzir a ansiedade”, orienta Jamaica.
Outro ponto desafiador são as interações sociais prolongadas. Reuniões longas, com muitas conversas simultâneas, contato físico inesperado e cobranças sociais podem ser cansativas e difíceis de administrar, especialmente para crianças e adolescentes com TEA, que podem ter dificuldades na comunicação e na interpretação de sinais sociais.
Entre as estratégias de adaptação, Jamaica destaca a importância de criar espaços de pausa. “Ter um local mais tranquilo, com menos estímulos, onde a criança ou o adulto possa se recolher quando se sentir sobrecarregado, faz toda a diferença”, afirma. O uso de fones abafadores de ruído, brinquedos sensoriais ou objetos de conforto também pode auxiliar na autorregulação.
A profissional reforça ainda o papel fundamental da família nesse processo. “A família é a principal mediadora de um ambiente seguro e respeitoso. Ajustar expectativas, respeitar limites e entender que nem sempre a pessoa com TEA conseguirá participar de toda a programação é um gesto de cuidado e inclusão”, explica Jamaica Araújo. Para ela, pequenas adaptações, como reduzir o volume da música, evitar luzes muito intensas e flexibilizar horários, contribuem para que todos possam vivenciar as festas de forma mais harmoniosa.



