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CHATGPT LANÇA LOJA DE APLICATIVOS E DÁ UM PASSO RUMO AO “APP PARA TUDO”

João Paulo - 19/12/2025 09:40 - Atualizado 19/12/2025

A OpenAI anunciou nesta semana o lançamento do App Directory do ChatGPT, uma loja de aplicativos integrada ao próprio chatbot. A proposta é simples, mas ambiciosa: permitir que serviços de terceiros funcionem dentro da conversa com a inteligência artificial, eliminando a necessidade de alternar entre diferentes plataformas para concluir tarefas.

Com a novidade, o ChatGPT amplia sua atuação. O que antes era basicamente um assistente baseado em texto passa a reunir, num único espaço, conteúdo, ferramentas e serviços. O movimento reforça uma estratégia iniciada em outubro e aproxima o produto da ideia de um “everything app”, capaz de centralizar boa parte da rotina digital do usuário.

Como funciona a loja de aplicativos do ChatGPT

Dentro do App Directory, os usuários podem explorar, ativar e utilizar aplicativos compatíveis com o ChatGPT. Esses apps funcionam como extensões da própria IA, usando o diálogo como principal interface para executar ações.

Junto ao lançamento, a OpenAI também promoveu uma reorganização interna. O que antes era conhecido como “conectores” agora passa a se chamar simplesmente Aplicativos. A mudança vai além do nome: ela unifica diferentes formatos de integração, reunindo desde ferramentas que buscam informações externas até soluções com recursos interativos dentro do chat.

O que esses aplicativos conseguem fazer

Os aplicativos disponíveis no diretório podem assumir funções variadas. Alguns exibem cartões, listas ou controles visuais diretamente na conversa. Outros realizam buscas em serviços conectados, auxiliam em pesquisas mais profundas ou sincronizam dados para uso contínuo. Tudo isso pode ser acionado tanto por comandos em linguagem natural quanto pela seleção direta do aplicativo no menu de ferramentas do ChatGPT, tornando a experiência mais fluida e integrada.

Spotify, Adobe e compras sem sair da conversa

Entre os exemplos já disponíveis, estão serviços bastante conhecidos do público. O Spotify permite criar playlists e receber sugestões musicais a partir de pedidos feitos no chat — funcionalidade que também se estende ao Apple Music. A Adobe oferece versões simplificadas de ferramentas como Photoshop, Express e Acrobat, voltadas para edições rápidas de imagens e PDFs.

Outro caso é o DoorDash, que transforma ideias de receitas ou planejamentos semanais em carrinhos de compras prontos, tudo sem que o usuário precise sair da conversa com a IA.

Por que a OpenAI aposta nesse modelo

O avanço vai além da tecnologia. A OpenAI deixa cada vez mais claro que enxerga o ChatGPT como uma plataforma, e não apenas como um produto isolado. O CEO da empresa, Sam Altman, já afirmou que a ideia é construir “os recursos óbvios que você esperaria de uma plataforma robusta” — e uma loja de aplicativos entra naturalmente nessa lógica.

O novo modelo também abre espaço para desenvolvedores. A empresa passou a aceitar a submissão de aplicativos, que podem ser publicados no diretório após um processo de revisão. Essas soluções são criadas a partir do Apps SDK e do Model Context Protocol (MCP), que permitem a integração de serviços externos capazes de trazer contexto e executar ações reais a partir do chat.

Negócios, dados e o futuro da interface de IA

Do ponto de vista comercial, o potencial é grande, embora ainda pouco definido. A OpenAI reconhece que estuda formas de monetização, mas não detalhou como esse modelo vai funcionar. Por enquanto, a prioridade é fazer com que os aplicativos se comportem como extensões naturais da conversa, reduzindo o atrito entre intenção e execução. Para empresas parceiras, o ChatGPT se torna uma vitrine estratégica. Ferramentas tradicionalmente consideradas complexas, como as da Adobe, ganham uma camada mais acessível ao serem controladas por linguagem natural.

Ao mesmo tempo, surgem alertas importantes. O uso de dados varia conforme o plano e as configurações escolhidas pelo usuário, e parte dessas informações pode ser utilizada para treinar modelos, desde que haja autorização. No pano de fundo, o lançamento do App Directory deixa clara uma disputa maior em curso: quem será a principal interface de inteligência artificial da internet nos próximos anos. (A Tarde)

 

Foto: Reprodução / Depositphotos

 

 

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