

A ausência de administradores legalmente habilitados em funções estratégicas de gestão tem exposto contratos públicos e privados a riscos administrativos e jurídicos na Bahia. O alerta é do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA-BA), que intensificou a fiscalização do exercício profissional ao identificar atividades típicas da Administração sendo executadas sem a devida responsabilidade técnica, exigida por lei.
Ao longo de 2025, o Conselho analisou mais de sete mil editais, realizou mais de 900 ações de fiscalização e acompanhou mais de mil processos administrativos em diferentes regiões do estado. As ações alcançaram prefeituras, câmaras municipais, autarquias, empresas e organizações que atuam em áreas como planejamento, gestão, controle e administração sem a indicação formal de administrador responsável.
“Quando um contrato é executado sem um profissional habilitado, o risco não é apenas para a instituição contratante, mas para toda a sociedade”, afirma o presidente do CRA-BA, Ramiro Lubian Carbalhal. Segundo ele, a ausência de responsabilidade técnica pode resultar em falhas de planejamento, desperdício de recursos e insegurança jurídica para gestores e empresas. “A fiscalização existe para prevenir problemas e garantir que a Administração seja exercida com competência e legalidade.”
A atuação do Conselho ocorre, em muitos casos, de forma orientativa. Gestores públicos e empresas são inicialmente alertados sobre a obrigatoriedade do registro profissional e da indicação de responsável técnico quando exercem atividades privativas da Administração. Quando as irregularidades persistem, o CRA-BA adota as medidas administrativas previstas na legislação.
De acordo com o coordenador de Fiscalização e Registro do CRA-BA, Jair Nascimento, o trabalho do Conselho busca corrigir falhas antes que elas se transformem em prejuízos maiores. “Nosso papel é identificar situações em que a Administração está sendo exercida de forma irregular e orientar para a adequação. Quando isso não ocorre, a fiscalização atua para assegurar o cumprimento da lei e a proteção do interesse público”, explica.
Para o vice-presidente do Conselho, Edilson Freire, a intensificação das ações tem efeito direto na profissionalização da gestão pública e privada. “Cada orientação e cada fiscalização contribuem para fortalecer a cultura da responsabilidade técnica e para valorizar o administrador como agente essencial da boa gestão”, afirma.
A ampliação da fiscalização foi acompanhada pela modernização dos processos internos e pela digitalização dos serviços. Em 2025, o CRA-BA contabilizou cerca de 760 novos registros de profissionais e mais de 215 registros de empresas, além da emissão de 1.170 carteiras profissionais. A Central de Serviços do Conselho realizou mais de 40 mil atendimentos ao longo do ano, refletindo a ampliação do acesso e da demanda.
Além das ações fiscalizatórias, o Conselho manteve uma agenda contínua de formação e orientação. Cursos, palestras, workshops e visitas técnicas levaram debates sobre gestão pública, governança, inovação e responsabilidade técnica a profissionais e estudantes de diversas regiões da Bahia. Os Núcleos de Estudos do CRA-BA também permaneceram ativos, promovendo a integração entre academia, mercado e setor público.
O ano de 2025 foi marcado ainda pelas comemorações dos 60 anos de regulamentação da profissão de administrador, celebradas com ações institucionais e simbólicas. Monumentos de Salvador foram iluminados em azul safira, e o I Encontro de Profissionais de Administração da Bahia reuniu representantes de diferentes segmentos. Sessões solenes na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal destacaram a contribuição da Administração para o desenvolvimento do estado.
Em dezembro, o CRA-BA realizou, em parceria com a Academia Baiana de Ciência da Administração (ACADM) e o Sindicato dos Administradores do Estado da Bahia (Sindaeb), uma homenagem ao administrador João Eurico Matta (in memoriam), em formato de podcast, reconhecendo seu legado técnico, ético e institucional para a Administração baiana.
Para 2026, o Conselho projeta a consolidação das ações de fiscalização, a ampliação da presença no interior do estado e o fortalecimento das iniciativas de orientação preventiva. “Fiscalizar é proteger a sociedade e garantir que a gestão pública e privada seja exercida com responsabilidade, técnica e legalidade”, conclui Ramiro Carbalhal.



