

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se reúne nesta quarta-feira (10) e deve manter a taxa básica de juros da economia inalterada em 15% ao ano — o maior patamar em quase 20 anos. Essa é a expectativa dos economistas do mercado financeiro. Se confirmada, esta será a quarta manutenção seguida da taxa Selic. O anúncio da decisão do BC acontecerá após as 18h.
A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre. Nesta semana, a maioria dos economistas do mercado financeiro também deixou de acreditar que o início do processo de corte da taxa básica de juros da terá início em janeiro deste ano.
Isso mostra que o mercado está dividido, com a maioria das instituições financeiras consultadas, neste momento, ainda apostando que o início do ciclo de redução do juro começará em março, quando a taxa seria reduzida para 14,5% ao ano.
De acordo com análise do Itaú, embora tenha sido registrada melhora qualitativa da inflação, com inflação corrente e núcleos em trajetória de recuo e, também, um reforço do cenário de “moderação da atividade”, algo buscado pelo Banco Central para dar início ao ciclo de corte de juros, o Copom deve manter a taxa estável nesta quarta-feira em 15% ao ano.
“O comitê deve indicar que a estratégia atual tem se mostrado adequada, mas enfatizar a necessidade de paciência e serenidade, com passos futuros condicionados à evolução dos dados de atividade, inflação, expectativas e projeções”, avaliou a instituição, em comunicado. Para o Itaú, o início do ciclo de cortes deve ser em janeiro de 2026, com redução de 0,25 ponto percentual (para 14,75% ao ano).
Segundo José Aureo Viana, economista, sócio e assessor da Blue3 Investimentos, o BC deve manter o juro estável nesta semana reconhecendo a desaceleração da atividade e o alívio inflacionário, mas ainda “travado” pelo risco fiscal (alta de gastos públicos, que impactam as expectativas de inflação).
“A mensagem deve ser de continuidade: juros altos por mais tempo, com qualquer discussão de corte ficando mais para frente, em 2026, num processo muito gradual. Aqui, o que realmente importa é o tom do comunicado, se o BC vai abrir, mesmo que de forma sutil, a porta para uma normalização futura, ou se reforçará o conservadorismo diante das incertezas fiscais”, disse José Aureo Viana, da Blue3 Investimentos.
Já análise do C6 Bank diz que, embora a inflação corrente tenha melhorado, o BC deve manter o juro estável e justificar a decisão pelo fato de as projeções de inflação ainda estarem acima das metas nos próximos anos, a atividade econômica estar “resiliente” e por pressões no mercado de trabalho.
“Acreditamos que o Comitê pode sinalizar uma melhora no cenário prospectivo para a inflação, reconhecendo os avanços descritos acima, mas ainda preservando um tom de cautela (…) Nossa expectativa é de que o ciclo de cortes da Selic comece em março, com a taxa de juros terminando 2026 em 13% [ao ano]”, concluiu o C6, em sua análise.



