

O Festival Paisagem Sonora se vestiu com as estampas afrobaianas do artista plástico, carnavalesco, designer e serígrafo Alberto Pitta. O legado do artista para a cultura brasileira foi o ponto de partida para a construção da 7ª edição do evento, que iniciou nesta sexta (05), na Casa Rosa, no Rio Vermelho. Promovido pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o Festival segue até domingo (07) com seminários e shows gratuitos. “É muito legal a gente perceber que ao longo dessa caminhada temos gerado frutos positivos, coisas muito bonitas e importantes para a história afrodiaspórica, afro-brasileira. Acho que a missão agora é, claro, festejar nesse momento, mas preparar para o futuro também, porque a gente tem muito por fazer”, comenta Danillo Barata, curador do Festival e Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UFRB.
A Mesa de Abertura foi marcada pela presença da Secretária da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (SECADI/MEC), Zara Figueiredo; do Secretário da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (SEFLI) do Ministério da Educação, Fábiano Piúba; do artista homenageado Alberto Pitta; da Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonja, Mãe Ana de Xangô; do Babalorixá do Ilê Axé Oju Onirê e Presidente da Associação Bembé do Mercado, Pai Pote; do cantor e compositor, Mateus Aleluia; do Diretor do Ilê Aiyê, Vivaldo Benvindo; do Presidente do Olodum, Marcelo Gentil; do maestro, Ubirantan Marques; e do Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UFRB, Danillo Barata.
“Você ver esses cadernos na rua, esses cadernos impressos, a contribuição que isso vai dar para o debate, que é o debate da educação para as relações étnico-raciais no Brasil, na educação básica, não tem precedente. Estou muito feliz de ver que o recurso público do Ministério da Educação está investindo em ações concretas e que conversam com a ponta, conversam com as origens”, destaca Zara Figueiredo , Secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI / MEC).
Durante a abertura oficial do Festival Paisagem Sonora, foi lançado o livro “Alberto Pitta: FúnFún, DúDú”, produzido pelo Selo Editorial Anjo Negro, da UFRB. A obra documenta 45 anos de trabalho do artista que é pioneiro das estampas afrobaianas. “Na verdade, é um resultado ímpar, porque ele, de certo modo, traduz quase 50 anos fazendo a mesma coisa, que é contar a história através dos panos para a nossa gente. É também trazer uma identidade visual, ser um dos pioneiros das estampas baianas e africanas, e trazer a identidade visual para os blocos afro e afoxés no Carnaval da Bahia. É dizer pras pessoas que não é o Carnaval pelo Carnaval, não é a fantasia pela fantasia, são tecidos como tatuagens, são tecidos como segunda pele, que são justamente esses panos que a gente já representa. Então, estar aqui fazendo parte do Festival Paisagem Sonora, sendo o artista homenageado nessa edição, pra mim é uma felicidade”, celebra Alberto Pitta.
Selo Anjo Negro
Além da obra literária sobre Pitta, também foram lançados pelo Selo Anjo Negro os livros “Nações do Candomblé”, de Mateus Aleluia; “Bembé do Mercado: Dossiê de Registro como Patrimônio Cultural do Brasil”; e um box com os 21 “Cadernos de Educação do Ilê Aiyê”. Após a abertura oficial na Casa Rosa, foi lançado o livro “Ilê Axé Opô Afonjá”, no Terreiro que foi liderado por mais de quatro décadas por Mãe Stella de Oxóssi. Na ocasião, também foi exibido o documentário “Pedagogia da Ancestralidade: Fé Educação e Liderança no Ilê Axé Opô Afonjá”. As obras celebram o centenário da Iyalorixá e são de autoria de Danillo Barata. “A recepção foi muito positiva. A comunidade se emocionou com o filme, ficou muito feliz também com a publicação. É uma forma de firmar a questão do legado, das experiências e da história do próprio terreiro, registrar o momento do agora e o que será o futuro. É muito legal ter a nossa universidade caminhando lado a lado com as comunidades de terreiro e com as organizações da resistência negra.”
Arte e Educação em Debate
Durante os três dias, o evento traz seminários voltados para debates sobre arte e educação, no Teatro Cambará, na Casa Rosa. Hoje (06), Arto Lindsay, Alê Siqueira e Nancy Viegas participam do seminário “Paisagens Sonoras: Processos Criativos e Redes do Comum”, às 14h. Também no sábado, com mediação de Mara Felipe, o tema “Reconfigurações do Carnaval Negro” será debatido por Afrocidade, Alberto Pitta, Rogério Oliveira e Giba Gonçalves, às 15h. Já no amanhã (07), “Museu Itamar Assumpção: Memória, Música e Afrofuturismo” é tema do seminário, às 14h30, com Anelis Assumpção, cantora e filha do artista. Encerrando a programação de seminários, às 15h30, o cantor e compositor Lazzo Matumbi fala, no “Seminário Clube da Radiola”, sobre o álbum “Atrás do Pôr do Sol”, com mediação da pesquisadora e professora da UFRB Tatiana Lima.
Line-Up do Festival Paisagem Sonora
A noite musical do Festival Paisagem Sonora iniciou com DJ ORIXAFRICANO e VJ 1mpar. Na sequência quem subiu ao Palco Viração, abrindo os shows, foi o Cortejo Afro, banda que tem Alberto Pitta como um dos fundadores. No intervalo, o público continuou com DJ ORIXAFRICANO com VJ Bug Visuals. Quem encerrou a primeira noite foi a banda Afrocidade. A programação musical segue neste sábado, a partir das 21h, com DJ ORIXAFRICANO, VJ Flora e VJ Fino e shows de Afoxé Filhos de Gandhy, ÀTTØØXXÁ e Marcia Castro e a Roda de Samba Reggae. Amanhã (07), a partir das 17h, quem encerra a programação do Festival são DJ VJ Kelly Pires e VJ Fino e também se apresentam Ilê Aiyê e Lazzo Matumbi, que convida Anelis Assumpção. A programação completa está disponível no site: https://festivalpaisagemsonora.org/programacao/
Serviço
7º Festival Paisagem Sonora
Data: 05 a 07 de dezembro
Local: Casa Rosa, Rio Vermelho – Salvador
Valor: Gratuito
Mais informações: festivalpaisagemsonora.org
Instagram: @paisagemsonorabahia