

A chegada das férias escolares marca um período de descontração e rotina mais flexível. Mas, no ambiente digital, esse mesmo cenário acende um sinal de alerta. Com mais horas livres e maior autonomia para navegar na internet, crianças e adolescentes ficam mais expostos a conteúdos inadequados, perfis mal-intencionados e práticas que colocam em risco sua privacidade.
Para Alessandra Tanure, especialista em Direito Digital no âmbito de proteção de direitos de personalidade de crianças e adolescentes, esse é o momento em que a atenção dos responsáveis deve redobrar. “Férias ampliam tanto o lazer quanto as vulnerabilidades. Quando o uso da internet cresce, os riscos crescem junto”, afirma.
A especialista destaca que o ponto de partida é reorganizar o ambiente digital da casa. Isso inclui revisar aplicativos, ajustar privacidade, ativar controles parentais e conversar com as crianças sobre limites claros. “Curadoria de conteúdo é mais que monitorar: é ensinar a identificar situações que oferecem perigo, desde mensagens de desconhecidos até links suspeitos. Quando há diálogo e acompanhamento ativo, a criança se sente mais protegida e sabe como reagir”, explica Alessandra.
Outro tema sensível durante o recesso é o excesso de registros e publicações nas redes sociais, tanto por parte das crianças quanto dos próprios pais. Viagens, passeios e momentos em família costumam se transformar em postagens, mas nem sempre escapam de riscos como uso indevido de imagem, rastreamento e até manipulações feitas por inteligência artificial.
“Antes de postar, reflita se aquela exposição é realmente necessária. A imagem de uma criança não é lembrança para likes, é um dado sensível que merece proteção permanente”, reforça Alessandra. Para ela, o recesso é oportunidade de reforçar acordos digitais familiares, combinando tempo de tela saudável, segurança e autonomia responsável, sem transformar o online em ameaça.
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