

O governo federal vai oficializar a inclusão de um novo trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e no Programa Nacional de Desestatização (PND), segundo informações da Folha de S.Paulo.
A decisão confirma a mudança no traçado da Fiol 3, que deixará de ligar Barreiras (BA) a Figueirópolis (TO) e passará a conectar Correntina (BA) a Mara Rosa (GO). O novo eixo, com 840 quilômetros de extensão, criará uma ligação direta com a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), em Mato Grosso.
O redesenho do trajeto foi definido após estudos indicarem que a nova rota reduz custos e elimina o pagamento de direitos de passagem na Ferrovia Norte-Sul. A proposta foi desenvolvida pela Infra SA em parceria com a International Finance Corporation e aguarda aval do Palácio do Planalto.
Com a inclusão no PPI, o projeto passa a ter prioridade nacional, o que garante trâmite acelerado no licenciamento ambiental e facilita o acesso a crédito e estudos do BNDES e da Caixa Econômica Federal. A expectativa é de economia de cerca de R$ 1 bilhão ao longo da concessão, além de menor impacto socioambiental.
De acordo com a ANTT, o investimento estimado é de R$ 12 bilhões. O novo trecho se somará à Fico e aos demais lotes da Fiol, totalizando 2,4 mil quilômetros até o Porto Sul, em Ilhéus (BA). O governo considera o corredor essencial para reduzir custos logísticos no transporte de grãos, combustíveis e minérios. O edital deve ser encaminhado ao TCU no início de 2026, e o leilão está previsto para o primeiro semestre do ano.
O projeto, contudo, reacendeu a disputa entre duas gigantes do setor logístico: a VLI (controlada pela Vale e pela Brookfield) e a Rumo (do grupo Cosan). Em documento enviado ao governo, a VLI afirma que o edital favorece a Rumo e “desestimula a concorrência”, alegando que a empresa já domina o acesso ao Porto de Santos por meio das Malhas Central e Paulista.
Segundo a VLI, mesmo que não vença a licitação, a Rumo continuaria controlando a principal rota de exportação do país. A companhia também alerta que a Fico deve ficar pronta antes das etapas 2 e 3 da Fiol, o que manteria a dependência da malha operada pela rival.
Foto: Elói Correa/Governo do Estado da Bahia