

A residência “Qualificando a Desordem” do Coletivo Subverso das Artes oferece oficinas formativas de desenvolvimento artístico crítico e prevê auxílio para transporte e alimentação para 10 pessoas
Terminam neste domingo (9) as inscrições para a residência artística “Qualificando a Desordem”, etapa formativa do projeto “Ordem Questionada” do Coletivo Subverso das Artes, que busca estimular a ação cultural e o teatro negro baiano, sobretudo em bairros negros e marginalizados da cidade de Salvador. Este é o prazo para que artistas moradores de comunidades como Engenho Velho da Federação, Engenho Velho de Brotas, Nova Brasília, Candeal e Santo Inácio concorram a seis meses de formação artística e teatral, ministradas por profissionais experientes da área.
A inscrição é gratuita e deve ser realizada por pessoas a partir de 18 anos que possuam vínculo ou interesse em teatro e disponibilidade para participar das aulas. Ao todo, 30 inscritos serão selecionados para cada oficina, sendo 10 em caráter de residência, pela qual receberão auxílio alimentação e transporte. O resultado será divulgado até 11 de novembro, no Instagram oficial do projeto @coletivosubversoo. Link do formulário: https://forms.gle/GG5VFpxx29dzSvJE8.
De novembro de 2025 a abril de 2026, a turma será imersa em oficinas quinzenais de escrita teatral, atuação, direção teatral, direção musical, cenografia, gestão teatral, comunicação estratégica e formação de público. Os 20 primeiros selecionados fora da modalidade de residência poderão participar de uma ou mais oficinas, ou ainda de todas, opção que deve ser indicada no momento da inscrição. Já os selecionados para a residência deverão participar obrigatoriamente de todas as oficinas. No entanto, os candidatos à residência também devem marcar as oficinas de seu interesse no formulário, para o caso de não serem aprovados para a vaga de residente.
Os residentes receberão uma bolsa de permanência durante os seis meses do projeto, como auxílio para transporte e alimentação, garantindo que consigam acompanhar as atividades de maneira contínua. Na residência artística, entre os 10 selecionados, quatro serão oriundos do Coletivo Subverso das Artes.
Caso os 20 de fora da residência não sinalizem a participação em todas as oficinas, automaticamente as vagas serão disponibilizadas e abertas a mais participantes inscritos. Com todas as turmas previstas para acontecer com 30 participantes, será possível ampliar as redes de aprendizagem, colaboração e troca de saberes entre artistas, comunidades e territórios da capital.
Sobre o projeto – Mais do que uma ação formativa, o projeto “Ordem Questionada” se propõe a romper barreiras e ampliar o acesso à arte em territórios que muitas vezes ficam à margem do mercado teatral. Com oficinas, apresentações e atividades culturais, a iniciativa reforça a existência de talentos que só precisam de oportunidade e estrutura para florescer. O grande objetivo é incentivar tanto a produção quanto consumo artístico local, criando um espaço de protagonismo e visibilidade para jovens artistas das comunidades.
De acordo com o coordenador do Coletivo Subverso das Artes, Zaya Olugbala, a inspiração para o nome do projeto vem da peça “Ordem Questionada”, criada pelo coletivo em 2019 para provocar reflexões sobre as estruturas da sociedade e as diversas formas de opressão. “Como artista, promover uma reflexão é algo incrível e necessário, mas ainda não é o suficiente para quem se encontra insatisfeito com a forma de vida que a gente leva aqui na babilônia. Então, o projeto é pensado a partir de como podemos sair da mera reflexão e ir para a ação, algo que possa proporcionar algum tipo de mudança”, explica o músico.
“O que inspira o projeto é esse fazer artístico autônomo, que o Subverso das Artes sempre se propôs a fazer. Muito do que a gente vem fazendo é parecido com o que os artistas que Platão considerava perigosos faziam naquela época, que é fazer as pessoas pensarem, questionarem o sistema. E é por isso que aqueles artistas eram tão perigosos para a polis, para a cidade, porque eles faziam as pessoas refletirem de fato. A arte não era tida como um objeto. E é isso que a gente quer fazer. Queremos acessar esses outros espaços culturais que não estão no centro da cidade, não estão no centro da cultura tradicional também de forma simbólica”, afirma Laura Sacramento, coordenadora do grupo.
Por trás dos questionamentos – O projeto é idealizado pelos dois coordenadores do Coletivo Subverso das Artes, grupo formado por jovens artistas comprometidos com a promoção da arte negra. À frente do coletivo está Laura Sacramento, graduada em Letras Vernáculas pela UFBA e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura. Sua trajetória artística se inicia nas artes plásticas e na literatura, com contos e poesias, e se expande no teatro, onde atua como roteirista, assistente de direção e coordenadora do coletivo.
Ao seu lado, Zaya Olugbala, diretor musical, músico multi-instrumentista e estudante de Produção Musical na UFRB, soma bagagem na criação de trilhas, direção sonora e produção de espetáculos. A coordenação geral é assinada por Juliana Sousa, produtora cultural e mediadora formada pelo Teatroescola do Instituto de Arte e Cultura da Bahia, com ampla atuação em projetos voltados à educação, acessibilidade e valorização da juventude negra e de grupos minorizados.
Sobre os formadores – As oficinas serão conduzidas por artistas de diferentes linguagens e trajetórias. A dramaturga e diretora Onisajé ministra as oficinas de Escrita Teatral e Direção Teatral, compartilhando sua experiência na criação de narrativas negras. A atriz e performer Diana Ramos conduz a oficina de Atuação: Corpo, Voz e Performance, voltada ao desenvolvimento da expressividade cênica.
Na área da música, Maurício Lourenço será o facilitador da oficina de Direção Musical, explorando o som e a dramaturgia sonora como elementos de criação. Já Clara Matos lidera a oficina de Cenografia, com foco em direção de arte, figurino e cenário. O gestor cultural Nell Araújo, por sua vez, orienta a oficina de Gestão Teatral, abordando administração, gestão de espaços e planejamento financeiro.
Completam o time a pesquisadora Ana Paula Potira, responsável pela oficina de Formação de Público, que propõe reflexões sobre a relação entre arte e comunidade, e o comunicador Fábio Lucas, que ministra a oficina de Comunicação Estratégica, dedicada a estratégias de pitching, comercialização de projetos e gestão de redes sociais.
Criação, laboratório e circulação – A segunda etapa do projeto, “Circula e Questiona”, é dedicada à criação, laboratório e circulação das peças teatrais resultantes das oficinas. Serão criados e apresentados no mínimo duas e no máximo três espetáculos nos bairros participantes, garantindo a materialização do processo formativo e o compartilhamento das criações nas cinco comunidades.
Arte que transforma – Ao longo de seis meses, a residência “Qualificando a Desordem” pretende consolidar um espaço de troca e construção coletiva, fortalecendo redes entre artistas, educadores e comunidades. Para além de formar novos criadores, o projeto reafirma a arte como ferramenta de transformação social e afirmação de identidades negras em Salvador. O projeto terá duração total de 8 meses, incluindo residência, produção e circulação.
O projeto “Ordem Questionada” foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal.
SERVIÇO
Inscrições abertas: “Qualificando a Desordem”
Formulário: https://forms.gle/GG5VFpxx29dzSvJE8
Prazo: 9 de novembro (domingo)
Público-alvo: Artistas negros e negras 18+, preferencialmente moradores de bairros marginalizados de Salvador
Em caso de dúvidas, entre em contato pelos seguintes canais:
E-mail: ordemquestionada@gmail.com
Instagram: @coletivosubversoo
Ficha Técnica – Coletivo Subverso das Artes
A realização do projeto é do Coletivo Subverso das Artes, coordenado por Laura Sacramento e Zaya Olugbala. A coordenação geral é feita por Juliana Sousa, com direção executiva de Cleise Almeida e assistência de coordenação de Joice Salles. Na contabilidade e administração financeira, atua Adriana Silva, enquanto a assessoria jurídica é realizada por Alexandra Camilo. Na área de comunicação, a coordenação de comunicação e social media é de Marthin Fortunato, com assessoria de imprensa da Viva Comunicação Interativa, sob responsabilidade de Tatiane Freitas. A identidade visual e o design gráfico são assinados por Fred Amazonas.
Fotos: Divulgação/Coletivo Subverso das Artes



