

Nem todo mundo sabe, mas o diabetes é um dos principais motivos de comprometimento renal no Brasil. “A chamada ‘doença renal do diabetes’ acomete entre 20% e 40% dos pacientes com glicemia descontrolada. Além disso, os dados do censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia de 2024 indicam que 29% dos casos de doença renal crônica (DRC) em diálise, no país, são pessoas com diabetes”, afirma a nefrologista baiana, Manuela Lordelo. Segundo ela, quando o problema ataca os rins, o excesso de glicose no sangue sobrecarrega e danifica os vasos sanguíneos renais, comprometendo gradualmente a capacidade de filtragem do órgão. Isso leva ao acúmulo de toxinas e à perda de proteínas na urina (proteinúria), podendo evoluir para DRC, insuficiência renal e, em casos graves, a necessidade de hemodiálise ou transplante.
A médica conta que os sintomas podem ser silenciosos até fases avançadas, fazendo com que o indivíduo só procure ajuda quando a função dos rins está muito comprometida. “Inicialmente, há episódios de microalbuminúria, que é a perda de pequenas quantidades de proteína na urina, ou leve diminuição da taxa de filtração glomerular, sem sintomas aparentes. Com a progressão, sinais como inchaço nas pernas ou tornozelos, urina espumosa, aumento da pressão arterial, fadiga e alterações nos eletrólitos podem surgir”, detalha a especialista, que é preceptora da residência de Nefrologia no Hospital Ana Nery, em Salvador.
O tratamento e a prevenção entram como pilares fundamentais no enfrentamento desse problema. O manejo envolve controle rigoroso da glicemia, da pressão arterial e dos lipídios, além de modificação de estilo de vida, com alimentação balanceada, prática regular de atividade física, evitar tabagismo e consumo excessivo de sal. “Existem ainda medicamentos, que são frequentemente utilizados para proteção renal. Para prevenção, é importante fazer o rastreamento desde cedo. Por isso, pacientes diabéticos precisam fazer exames de função dos rins e albuminúria pelo menos uma vez por ano, para que a progressão seja evitada ou retardada”, recomenda Manuela Lordelo.
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