

O Plano do Pilar, iniciativa da Prefeitura de Salvador, através da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e em parceria com o Instituto Carlinhos Brown, foi apresentado nesta terça-feira (4), no Auditório do Arquivo Público da Bahia. O documento traz diretrizes e projetos voltados à requalificação urbana, regularização fundiária e inclusão social da comunidade do Pilar, localizada no bairro do Comércio, no Centro Histórico da cidade.
A região abriga casarões centenários, vias históricas para a capital baiana e espaços simbólicos como a Igreja do Pilar e o Trapiche Barnabé, mas enfrenta forte deterioração urbana e vulnerabilidade social. O plano visa justamente a implementação de políticas de geração de renda e habitacionais para garantir o direito à cidade e ao protagonismo dos moradores, de acordo com a presidente da FMLF, Tânia Scofield.
“O plano é resultado de um trabalho iniciado em 2021, com ampla participação popular. Moradores, comerciantes e instituições culturais contribuíram para a construção das propostas, que incluem recuperação de casarões, produção de novas moradias, criação de áreas verdes, fortalecimento da economia criativa e geração de renda local”, explicou.
O Pilar concentra 462 moradores, majoritariamente negros e com mulheres como chefes de família, vivendo em imóveis deteriorados, cortiços ou no Condomínio Nossa Senhora do Pilar, que enfrenta problemas estruturais e de segurança. Cerca de 82% dos imóveis estão ocupados, mas 28% permanecem vazios ou em ruínas.
Entre as propostas, por exemplo, está o reaproveitamento de imóveis desocupados, subutilizados ou em ruínas, algo que será feito dentro do Programa PAC Cidades Históricas, para reassentar famílias em situação de risco e recuperar o patrimônio. “Também há projetos para criação de áreas verdes e espaços de convivência, algo muito pedido pela comunidade, especialmente por causa da ausência de locais para as crianças brincarem e os moradores se encontrarem”, completou Tânia.
O diretor da Prefeitura-Bairro Centro/Brotas, Alan Muniz, comentou que o plano é uma resposta concreta às necessidades históricas da região. O projeto, segundo ele, defende que a revitalização do Centro Antigo só será sustentável com moradia digna e inclusão social.
“Esse estudo identificou as potencialidades socioeconômicas das famílias, porque não adianta entregar moradia se a pessoa não tiver condições de sustento, se não houver incentivo à economia criativa e circular. A pesquisa mostrou, por exemplo, que há filhos de baianas de acarajé que querem continuar o ofício, filhos de capoeiristas, de comerciantes, de músicos. Então, o objetivo é dar condições para que essas pessoas possam se desenvolver onde vivem, integrando o social e o econômico”, lembrou.
Foto: Bruno Concha / Secom PMS