terça, 04 de novembro de 2025
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BOLSA BRASILEIRA SUPERA OS 150 MIL PONTOS E ESPECIALISTAS EXPLICAM RAZÃO

João Paulo - 04/11/2025 07:00

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou em alta de 0,61% nesta segunda-feira (3) e superou, pela primeira vez na história, a marca de 150 mil pontos. Com o resultado, o índice de ações da B3 atingiu sua sexta máxima seguida. Só em 2025, já são 21 recordes de fechamento — puxados pelo cenário de cortes de juros nos Estados Unidos e pela expectativa de redução também na taxa básica brasileira, a Selic. Apesar de algumas oscilações, o movimento positivo que ganhou força nas últimas semanas vem se mantendo desde o início do ano: entre janeiro e esta segunda-feira, o Ibovespa acumulou alta de 25%, passando de 118.533 pontos em 3 de janeiro para os atuais 150.454 pontos. Mas o que explica a disparada da bolsa brasileira? E o que isso significa para a economia do país — e para o seu bolso?

A economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, afirma que o fator decisivo para a sequência de recordes da bolsa brasileira foi a mudança de postura do Federal Reserve (Fed). Na última quarta-feira (29), o banco central dos EUA reduziu os juros pela segunda vez em 2025, para a faixa de 3,75% a 4% ao ano — o menor nível desde novembro de 2022. Na reunião anterior, de 17 de setembro, o Fed já havia encerrado um período de nove meses sem reduções. “Com isso, os investidores estrangeiros voltaram a olhar para os mercados emergentes, especialmente para o Brasil, que ainda paga juros reais muito altos”, analisa Benedito.

Na prática, juros menores nos EUA reduzem o rendimento das Treasuries, os títulos do governo americano, que são vistos como os investimentos mais seguros do mundo. O movimento faz investidores buscarem aplicações mais rentáveis em mercados emergentes. Nesse cenário, o Brasil tem se destacado, favorecendo a bolsa e o real frente ao dólar. O corte de juros nos EUA contrasta com uma Selic ainda elevada: a taxa básica brasileira está em 15%, o maior nível em quase 20 anos. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nesta terça (4) e quarta-feira (5) para definir a próxima decisão, e a expectativa é de manutenção da taxa.

Gustavo Jesus, sócio da Victrix Capital, afirma que a perspectiva de corte de juros no Brasil em 2026 colabora com a migração de investidores da renda fixa para a variável. “Os mercados já se antecipam a esse movimento”, afirma. Do ponto de vista das empresas, Ricardo Trevisan, CEO da Gravus Capital, afirma que o Ibovespa foi impulsionado, principalmente, pela alta nas ações de empresas do setor financeiro, com destaque para grandes bancos como Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e BTG Pactual. “Esses bancos, juntos, representam cerca de 25% do índice e têm se beneficiado da manutenção da taxa Selic em patamares elevados, que sustenta margens de juros robustas e atrai investidores em busca de dividendos consistentes”, diz Trevisan.

Ariane Benedito, do PicPay, destaca o bom desempenho de commodities como minério de ferro, petróleo e produtos do agronegócio, que fortalecem empresas importantes no Ibovespa. Ela também cita os balanços financeiros positivos de diversas companhias e a desaceleração da inflação. “Mesmo com o tom fiscal [condução das contas públicas pelo governo] trazendo aversão ao risco, o ambiente de juros estáveis diminui essa preocupação com o futuro e dá mais previsibilidade e confiança para o investidor apostar no curto prazo”, diz(G1).

Foto:  (Germano Lüders/InfoMoney)

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