quarta, 22 de outubro de 2025
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ABAF VAI INTEGRAR DELEGAÇÃO BRASILEIRA NA COP30

Victoria Isabel - 22/10/2025 14:40

A Bahia vai marcar presença na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). O diretor-executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Wilson Andrade, acaba de ser convidado para integrar a delegação brasileira, sendo um dos representantes do setor. Segundo email da Presidência da República, os integrantes são reconhecidos como delegados e terão acesso a Zona Azul, espaço sob responsabilidade da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). “Sinto-me honrado em poder representar o governo brasileiro num evento tão importante que vai discutir o futuro do planeta”, afirma. Mais de 30 mil pessoas, de vários países, se inscreveram para participar da conferência e pouco mais de 5% foram escolhidas, em função da trajetória e experiência acumuladas.

A COP-30 será realizada de 10 a 21 de novembro na cidade de Belém (PA) com espaço para negociações, discussões técnicas e eventos. No total, serão 286 eventos divididos em quatro auditórios localizados nas Zonas Azul e Verde. Os pavilhões reunirão a comunidade brasileira e internacional para diálogos sobre o enfrentamento à mudança do clima, os 30 objetivos estratégicos da Agenda de Ação, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) e o Plano Clima. Entre os temas a serem debatidos na Zona Azul estão: Floresta, Água e Bioeconomia: Inovação e Sustentabilidade para Enfrentar a Urgência Climática ; e As florestas brasileiras como parte essencial no combate às mudanças climáticas.

Para Wilson Andrade esta é uma oportunidade única para falar sobre a importância do setor brasileiro de árvores cultivadas para fins industriais e para restauração dos 80 milhões de hectares de áreas degradadas, sendo 10% apenas na Bahia. “O setor se transformou em uma potência socioeconômica que une produtividade, conservação ambiental e inovação tecnológica”, avalia Andrade.

Segundo dados da ABAF, as áreas de plantio no Brasil somam 10,5 milhões de hectares e, paralelamente, o setor ainda conserva outros 7,01 milhões de hectares de vegetação nativa — uma área superior ao território da Bélgica e da Suíça juntos. Mais de 60% desses hectares são certificados por órgãos internacionais há mais de 20 anos. Na Bahia são 700 mil hectares voltados para a produção e 500 mil hectares de área nativa preservada.

Bioeconomia

O setor de árvores cultivadas para fins industriais desempenha um papel fundamental na economia brasileira, sendo um dos pilares da indústria nacional. Representa, assim, 1% do PIB brasileiro; 5% do valor adicionado pelo agro; e 4,8% da indústria de transformação. Em 2024, atingiu a marca recorde de US$ 15,7 bilhões em exportações, representando 4,7% do total exportado pelo país. A conexão com o futuro da bioeconomia segue firme, com investimentos previstos de mais de R$ 90 bilhões até 2029.

O setor de empresas de base florestal é exemplo de bioeconomia e demonstra que a árvore plantada é uma das opções mais amigáveis para o meio ambiente, a biodiversidade e a vida humana. Segundo dados da Confederação Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) o setor agropecuário tem papel fundamental na solução dos problemas, já que das 166 NDCs estabelecidas, 141 incluem ações voltadas a agricultura. Nesse ponto a CNA reforça o compromisso do setor com a promoção da agropecuária de baixo carbono e com a implementação do Código Florestal.

Novas Metas

“A COP de Belém vai ser a COP da implementação das novas metas, já estabelecidas no Acordo de Paris, e absolutamente necessárias para que alcancemos um resultado efetivo na redução dos efeitos da crise climática”, avalia Wilson Andrade. Em 2015 o Acordo de Paris estabeleceu como meta o destino de 100 bilhões de dólares anuais voltados para ações de mitigação e adaptação. Mas a COP29, realizada em 2024 no Azerbeijão, estabeleceu um aumento significativo da verba destinada a ações climáticas: USD 300 bilhões anuais até 2035, com liderança dos países envolvidos e USD1.3 trilhão anuais até 2035, envolvendo todos os países. Como chegar a esse patamar é um dos itens a serem apresentados em Belém. Wilson Andrade reconhece que as mudanças climáticas exigem decisões e mudanças mais urgentes. “Vamos participar da COP 30 com a certeza de que os líderes dos países terão a responsabilidade de fazer o mundo menos quente. A hora é de arregaçar as mangas e trabalhar”, conclui.

Foto: Acervo ABAF

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