Mais de 60% dos trabalhadores plataformizados não contribuem para a Previdência Social, apesar de um leve aumento de 2,2 pontos percentuais desde 2022, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A falta de cobertura previdenciária e o alto índice de informalidade tornam o grupo um dos mais vulneráveis do mercado de trabalho.
O estudo também mostra que 72,5% dos plataformizados atuam em transporte, armazenagem e correios, e 58,3% trabalham com transporte particular de passageiros. A maior parte é composta por homens (83,9%), com ensino médio completo ou superior incompleto (59,3%), e trabalhadores por conta própria (86%).
Entre os condutores de automóveis, os plataformizados registraram rendimentos mensais R$ 341 superiores aos dos motoristas tradicionais, mas trabalham cinco horas a mais por semana, com baixo acesso à previdência oficial. Já entre os motociclistas, o número de trabalhadores de aplicativo cresceu em 140 mil entre 2022 e 2024, e um terço deles já atua exclusivamente por meio dessas plataformas.
“Trabalho sem direitos ameaça virar regra”, alerta procuradora – Para Clarissa Ribeiro Schinestsck, os dados confirmam o avanço de um modelo baseado na desproteção social e no enfraquecimento de direitos trabalhistas, além de comprovar a precarização do trabalho, já demonstrada no estudo de 2022.
“A pesquisa do IBGE confirma o que o MPT tem observado nas investigações: a expansão do trabalho plataformizado vem acompanhada de precarização, com longas jornadas, ausência de direitos e de proteção social, e controle algorítmico excessivo. Esses números nos preocupam não apenas pelos impactos sobre os trabalhadores, mas também pelo risco de esse modelo se espalhar para outros setores, corroendo direitos e reduzindo a arrecadação pública”, afirma a procuradora Clarissa Ribeiro Schinestsck, do Ministério Público do Trabalho em Campinas.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil