Neste mês dedicado às crianças, o alerta para a importância da vacinação se soma às comemorações do calendário infantil. Apesar de avanços recentes, o Brasil ainda convive com falhas na cobertura vacinal que deixam milhares de meninos e meninas expostos a doenças preveníveis. Cada dose, afirmam especialistas, é decisiva para proteger não apenas os pequenos, mas também toda a comunidade.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 15 das 16 vacinas do calendário infantil registraram aumento na cobertura em 2024. Entre elas, a BCG ultrapassou 90% de aplicação, a primeira dose da tríplice viral atingiu 95,69% e o reforço da poliomielite chegou a 95,58%, alcançando a meta nacional. Apesar disso, apenas três vacinas recomendadas alcançaram os índices esperados. O país ainda aparece com taxas críticas para imunizantes como a tríplice bacteriana (DTP), situação que preocupa autoridades de saúde e organizações internacionais.
“Não temos dúvidas de que as vacinas são fundamentais para a prevenção de doenças. Até pouco tempo, muitas crianças morriam de diarreia viral no Brasil, e hoje são raros os casos. É muito importante a conscientização das famílias para a segurança do nosso calendário vacinal. Afinal, todos os dias surgem notícias contrárias, que fazem com que a cobertura vacinal reduza”, afirma a pediatra neonatologista Mirla Amorim, que atua na UTI Neonatal do Hospital Mater Dei Emec e coordena a UTI Neonatal do Hospital Estadual da Criança, em Feira de Santana.
O alerta da médica vai além da proteção individual. “Quando não vacinamos as crianças que têm indicação, abrimos portas para a proliferação de doenças que já estavam erradicadas. Além disso, colocamos em risco não só essas crianças, como também familiares que não podem se vacinar por conta de doenças imunossupressoras, além dos idosos”, acrescenta.
A preocupação é sustentada pelos dados. Levantamento da Sociedade Brasileira de Imunizações mostra que, apesar da melhora em 2024, o Brasil ainda tem bolsões de baixa cobertura, especialmente em cidades pequenas e regiões mais afastadas. No cenário global, o UNICEF estima que milhões de crianças continuam sem imunização completa. Embora o Brasil tenha saído da lista dos 20 países com mais não vacinados, segundo dados de 2024 da OMS e do UNICEF, especialistas reforçam que a recuperação precisa ser contínua para não perder os avanços conquistados.
Para especialistas, manter a caderneta em dia é um gesto simples, mas decisivo. Outubro, mês em que a atenção se volta às crianças, reforça a ideia de que vacinar é também um ato de amor e responsabilidade coletiva,capaz de proteger vidas e evitar que o país volte a conviver com doenças que já estavam sob controle.
Principais vacinas para a infância e adolescência
Faixa etária / momento — Vacina / imunizante — Doenças protegidas
Gestante
dTpa
Difteria, tétano e coqueluche (protege também o bebê)
Ao nascer
BCG
Tuberculose grave
Ao nascer / primeiras 24h
Hepatite B
Início da proteção contra a Hepatite B
2, 4 e 6 meses
Pentavalente
Difteria, tétano, coqueluche, Hib e hepatite B
2 e 4 meses
VIP (poliomielite inativada)
Poliomielite
2, 4 e 6 meses
Pneumocócica 10-valente
Infecções por Streptococcus pneumoniae
2 e 4 meses
Rotavírus
Diarreia grave por rotavírus
3 e 5 meses
Meningocócica C
Meningite por Neisseria meningitidis
6 meses
1º dose da Vacina contra Covid-19
Covid-19
7 meses
2ª dose da Vacina contra Covid-19
Covid-19
9 meses
3ª dose da Vacina contra Covid-19
Covid-19
9 meses
Febre amarela
Recomendado em regiões de risco
12 meses
Tríplice viral (1ª dose) e Meningocócica ACWY
Sarampo, caxumba, rubéola e meningite por sorogrupos A, C, W e Y
15 meses
DTP (reforço), VOP (reforço), Hepatite A
Proteção reforçada e hepatite A
4–6 anos
DTP, VOP, Tríplice viral (reforços)
Reforços essenciais antes da escola
9 a 14 anos
HPV
Prevenção de câncer de colo do útero e lesões genitais
11 a 12 anos
Meningocócica ACWY
Proteção contra meningite por sorogrupos
Adolescentes até 18 anos
Reforços de DTP e pólio
Completar proteção vacinal
10–11 anos (municípios endêmicos)
Dengue
Prevenção da dengue, com expansão prevista até 16 anos
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