Melhor filme por voto popular, prêmio aquisição SescTV e menção honrosa, foram os três prêmios adquiridos pelo estado da Bahia na 9ª edição do CineBaru – Mostra Sagarana de Cinema. O anúncio foi feito durante a sessão de encerramento da Mostra, que aconteceu entre os dias 17 e 20 de setembro, no distrito de Sagarana, em Arinos (MG). Para este ano foram selecionados 24 curtas-metragens de até 30 minutos, 10 deles concorrendo na Mostra Competitiva Regional Baiangoneira, sete voltados ao público infantojuvenil, com foco em crianças e adolescentes das escolas públicas locais (Mostra Sertãozin) e outros sete selecionados para o público geral (Mostra Sertão).
Cartaz oficial do filme Arrebol
Entre os filmes premiados está Arrebol que, dirigido por Duba Rodrigues e realizado em Brumado, sudoeste baiano, recebeu o maior prêmio do CineBaru: o de “Melhor Filme”, por voto popular, escolhido pelo público que assiste a sessão. Com uma narrativa nada peculiar, narra um vampiro em busca de registros de sua existência após a morte de seu retratista. Através de uma fotografia em preto e branco de contrastes intensos, mergulha no fantástico para refletir sobre a fragilidade humana e o poder simbólico da arte.
Cartaz oficial do filme Bijupirá
Já o filme “Bijupirá”, foi o escolhido pela “Seleção Especial SescTV”, recebendo um prêmio no valor de R$5.000 referente a um contrato de exibição por dois anos na programação da emissora. A colaboração entre o CineBaru e o SescTV acontece desde 2018 e contribui na missão da Mostra de democratização do acesso ao cinema. Com direção de Eduardo Boccaletti, o filme narra o cotidiano de Tomé, um menino que vive com um pescador em alto-mar e que acaba questionando sua própria origem ao ouvir sobre a rêmora, um peixe que vive grudado ao tubarão-baleia. Em um ato impulsivo, ele solta o bote e se perde no oceano. Ao ser resgatado, Reinaldo o carrega nas costas, como o tubarão carrega a rêmora, revelando o elo entre eles.
Cartaz oficial do filme Talvez Meu Pai Seja Negro
Recebendo prêmio de “Menção honrosa”, o filme “Talvez Meu Pai Seja Negro” narra a história da própria diretora, Fávia Santana, junto com seu pai, Antônio, em uma jornada íntima de investigação sobre suas raízes. Entre documentos, fotos e memórias estilhaçadas, o curta atravessa temas como apagamentos, paternidade, identidade racial e pertencimento. A partir da história de pai e filha, o filme toca em questões profundas sobre como nos reconhecemos e somos reconhecidos. Nas palavras da curadoria do festival, o filme recebe tal prêmio “por um protagonista que mobiliza tanto interesse – o pai aberto ao filme, ao mesmo tempo que difícil; a relação familiar sensível, mas também dura, direta, nesse desafio de conversar e reclamar identidades”.
Cerca de 1200 pessoas compareceram à 9ª edição do CineBaru provenientes dos estados Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal e puderam prestigiar filmes com produções independentes, longe dos eixos-culturais tradicionais, descentralizando e democratizando o acesso ao cinema. No sertão mineiro, em Sagarana, distrito de Arinos (MG), com uma tela de cinema inflável, em um campinho de futebol e com cadeiras de bambu feitas à mão, o CineBaru traz há nove anos um olhar sensível principalmente nas questões ligadas ao meio ambiente e em como a emergência climática afeta os modos de vida de todos, em distintas proporções.
Este ano, a mostra ainda bateu recorde de filmes inscritos com 232 curtas chegando de Minas Gerais (81 deles), Bahia (58), Goiás (56) e Distrito Federal (37). Ao longo de suas oito edições o CineBaru recebeu a inscrição de 1.088 filmes e exibiu 271 produções, entre curtas das mostras Competitiva e Sertãozin, longas e filmes convidados. Foram promovidas 48 atividades formativas, como oficinas, vivências e rodas de conversa, reunindo cerca de 2.400 pessoas.
Filmes premiados:
-Melhor Filme Júri Popular: Arrebol (dir. Duba Rodrigues) | Brumado-BA
-Melhor Filme Júri Técnico: Meada Cor Kalunga (dir. Ana Luíza Reis, Marta Kalunga, Alcileia Torres) | Cavalcante-GO
-Prêmio Aquisição Sesc TV: Bijupirá (dir. Eduardo Boccaletti) | Salvador-BA
-Menções Honrosas: Oitavo anjo (dir. Igor Nascimento de Souza) | Recanto das Emas-DF; Talvez Meu Pai Seja Negro (dir. Flávia Santana) | Salvador-BA e Via Sacra (dir. João Campos) | Brasília-DF
Lista completa dos filmes selecionados:
Mostra Competitiva Regional Baiangoneira de Curtas
A menina que queria voar (dir. Tais Amordivino) | Salvador-BA
À noite todos os gatos são pardos (dir. Matheus Moura) | Belo Horizonte-MG
Arrebol (dir. Duba Rodrigues) | Brumado-BA
Bijupirá (dir. Eduardo Boccaletti) | Salvador-BA
Meada Cor Kalunga (dir. Ana Luíza Reis, Marta Kalunga, Alcileia Torres) | Cavalcante-GO
Oitavo anjo (dir. Igor Nascimento de Souza) | Recanto das Emas-DF
Quando Aqui (dir. André Novais Oliveira) | Contagem-MG
Talvez Meu Pai Seja Negro (dir. Flávia Santana) | Salvador-BA
Terra Delas (dir. Bárbara Zaiden) | Catalão/Goiânia-GO
Via Sacra (dir. João Campos) | Brasília-DF
Mostra Infantil Sertãozin
Debaixo do pé de pequi (dir. Maiári Iasi) | Goiás-GO
Eu e o Boi, o Boi e Eu (dir. Jane Carmen Oliveira) | Pedro Leopoldo-MG
O Surubim Barbado (dir. Lucas Carvalho, Henrique Rodrigues) | Pirapora-MG
Pequeno B (dir. Lucas Borges) | Juiz de Fora-MG
Quando as ondas do mar desligam (dir. Assaggi Piá, Yasoda Nanda) | Salvador-BA
Sewa (dir. Júlia Braga) | Araguari-MG
Kwat e Jaí – Os bebês heróis do Xingu (dir. Clarice Martins Cardell) | Brasília-DF
Mostra Sertão
Agrobiodiversidade: Do Amor à Sustentabilidade (dir. Valdir Dias da Silva) | Riacho dos Machados-MG
Encontro das Águas (dir. Victor Quixabeira e Souza) | Alto Paraíso de Goiás-GO
Envelhecer com as árvores (dir. Loic Ronsse, Bárbara Lissa) | Moeda-MG
Maré Grande (dir. Renata Freitas Machado) | Salvador-BA
Nessa Rua Passa um Rio (dir. Maria Clara Almeida) | Januária-MG
Sertão (dir. Ricardo Sena) | Serra Preta-BA
Ymburana (dir. Mamirawá, Rômulo G. Pankararu, Maria K. Tucumã) | Salvador-BA
Filmes Convidados
Pacto da Viola (dir. Guilherme Bacalhao)
Antônia – Espelho da Alma Ancestral (dir. Roger Martins)
Urucuia (dir. JoCa Milucanô e Lucas Passarin)
(Crédito: Diego Zanotti)