O Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Augusto Vasconcelos se posicionou de maneira contundente para que os bancos assumam maior responsabilidade social diante do fechamento de agências, da redução do quadro de funcionários e da terceirização crescente no setor.
Augusto, que já foi Presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, destacou que a categoria enfrenta a perda de empregos, impulsionada pelo avanço tecnológico e por práticas que fragilizam as garantias trabalhistas.
”Os bancários estão sofrendo com o fechamento de agências e a redução do quadro de funcionários. As novas tecnologias substituem algumas tarefas, mas também criam outras. No entanto, o Sindicato dos Bancários tem denunciado que essas funções, sobretudo em TI, mas também no setor negocial, estão sendo preenchidas por terceirização e até pejotização”, afirmou.
O secretário lembrou que a Constituição Federal garante, no artigo 7º, inciso XXVII, a proteção do trabalho em face da automação. Para ele, o setor mais lucrativo da economia — o sistema financeiro — precisa assegurar a reinserção de trabalhadores.
”Não podemos permitir que trabalhadores sejam tratados como peças descartáveis de uma engrenagem para turbinar lucros.”, reforçou.
O debate já chegou a espaços institucionais. Audiências públicas realizadas na Assembleia Legislativa da Bahia e na Câmara dos Deputados apontaram a necessidade de ampliar a discussão também no Judiciário, especialmente após a Reforma Trabalhista, que enfraqueceu mecanismos de proteção.
Outro ponto de atenção, destacou o secretário, é o crescimento das fintechs, que operam com regras mais flexíveis que os bancos e não cumprem a Convenção Coletiva dos Bancários, apesar de realizarem atividades semelhantes.
Um estudo elaborado pelo Comando Nacional dos Bancários em parceria com o Dieese comprova a contradição: embora o setor financeiro tenha ampliado o número de ocupados, o total de bancários diminuiu.
”Estão contratando diversas categorias fora das regras da convenção, o que distorce a regulação e compromete direitos históricos”, concluiu.
Foto: Yago Matheus / Ascom Setre