

O AbrasMercado — indicador que mede a variação de preços de 35 produtos de largo consumo — registrou retração de 1,06% em agosto, marcando a terceira queda consecutiva, após os recuos de 0,43% em junho e 0,78% em julho. Com a variação, o valor médio da cesta caiu de R$ 813,44 em julho para R$ 804,85 em agosto.
As carnes exerceram influência no resultado do mês, por representarem parcela significativa dos gastos com alimentação no orçamento das famílias. As principais quedas foram observadas no frango congelado (-1,45%), na carne bovina — corte traseiro (-0,86%) e dianteiro (-0,39%). O único aumento ocorreu no pernil (+0,76%). Entre as proteínas, os ovos também registraram queda de 1,66%, a maior variação negativa do grupo.
No curto prazo prevalece a queda. No entanto, em 12 meses todas as proteínas ainda acumulam altas expressivas: carne bovina — corte traseiro (+21,47%) e dianteiro (+29,15%); frango congelado (+9,90%); pernil (+16,07%) e ovos (+9,08%). Já no acumulado de janeiro a agosto, o movimento é distinto, com quedas na carne bovina — corte traseiro (-3%) e no pernil (-1,18%).
“Os preços das carnes vêm recuando nos últimos meses, mas permanecem em patamar elevado. É um reflexo da estiagem e dos incêndios que, no segundo semestre de 2024, comprometeram as pastagens e elevaram os custos de produção, cujos efeitos se estendem a 2025. Além disso, a valorização do dólar incentivou as exportações — tradicionalmente mais intensas no segundo semestre. Do lado da demanda interna, o aumento da renda também contribuiu para pressionar os preços”, analisa o vice-presidente da ABRAS, Marcio Milan.
Nos produtos básicos, também predominou o recuo em agosto, com destaque para arroz (-2,61%), feijão (-2,30%), café torrado e moído (-2,17%), farinha de mandioca (-1,98%), leite longa vida (-1,04%), massa sêmola de espaguete (-0,78%), açúcar refinado (-0,67%) e óleo de soja (-0,15%). No acumulado do ano, as maiores reduções concentram-se no arroz (-19,12%), no óleo de soja (-7,16%) e no feijão (-5,45%). Para os próximos meses, contudo, a entressafra do arroz tende a conter o ritmo de queda, enquanto a quebra de 10% na segunda safra de feijão deve limitar a oferta e sustentar os preços em patamar mais firme.
Por outro lado, ficaram mais caros a margarina cremosa (+0,99%), a farinha de trigo (+0,51%) e o queijo muçarela (+0,13%).
Além dos alimentos básicos, outros grupos da cesta também apresentaram variações. Nos produtos in natura, as condições climáticas mais favoráveis e o ganho de produtividade levaram à queda expressiva nos preços do tomate (-13,39%), da cebola (-8,69%) e da batata (-8,59%). Entre os itens de uso pessoal, os aumentos foram registrados no creme dental (+1,68%), sabonete (+0,89%), xampu (+0,66%) e papel higiênico (+0,43%). Já na limpeza doméstica, o grupo apresentou ajustes discretos: sabão em pó (+0,55%), desinfetante (+0,50%) e água sanitária (+0,35%) tiveram alta, enquanto o detergente líquido para louças (+0,04%) manteve-se praticamente estável.
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil