A Advocacia do Senado solicitou, no início deste mês, a prisão preventiva do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), acusado de ofender, atacar e perseguir a ex-senadora e atual prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT).
O pedido integra uma ação da Justiça Eleitoral do Ceará, na qual Ciro responde por violência política de gênero contra a prefeita. O juiz do caso ainda não se manifestou sobre a solicitação, apresentada em dois protocolos nos dias 1º e 4 de setembro.
A investigação examina declarações do ex-governador direcionadas a Janaína Farias desde abril do ano passado, quando ela assumiu vaga no Senado no lugar do então senador e atual ministro da Educação, Camilo Santana.
Na ocasião, em entrevista, Ciro — candidato derrotado à Presidência em 1998, 2002, 2018 e 2022 — criticou a posse de Janaína, chamando-a de “cavalo” de Camilo. Em seguida, afirmou que a única “realização” dela teria sido atuar, segundo suas palavras, como assessora de “assuntos de cama” do ministro da Educação e ex-governador do Ceará.
O ex-governador repetiu ataques semelhantes nos meses seguintes. Perto das eleições municipais, as falas foram denunciadas pelo Ministério Público Eleitoral do Ceará. Como Janaína era senadora naquele período, a Advocacia do Senado ingressou e permaneceu no processo como assistente de acusação.
Neste mês, após novas declarações de Ciro contra a prefeita em entrevistas, a Advocacia da Casa voltou a acionar a Justiça Eleitoral.
Segundo os advogados do Senado, as falas configuram a continuidade dos delitos, mesmo após Ciro se tornar réu. Para eles, a reincidência justifica um pedido de prisão preventiva por risco à ordem pública.
Foto: Divulgação / Thiago Gadellha