quarta, 03 de setembro de 2025
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SETOR DE SERVIÇOS CONCENTRA MAIS DA METADE DAS NOVAS EMPRESAS ABERTAS NO BRASIL NO 1º SEMESTRE DE 2025

Victoria Isabel - 03/09/2025 14:43

O setor de serviços liderou a abertura de empresas no Brasil entre janeiro e junho deste ano, segundo dados do Mapa de Empresas, levantamento oficial divulgado pelo governo federal. Mais da metade dos CNPJs registrados no período está concentrada em atividades como serviços pessoais, tecnologia, alimentação, estética, logística e consultorias.

O perfil dos novos empreendedores é formado, em sua maioria, por profissionais autônomos e pequenos prestadores que buscam independência financeira ou alternativas diante da instabilidade do mercado de trabalho formal. Negócios digitais, principalmente aqueles ligados à conveniência e à escala local, também ganharam espaço no cenário de formalizações.

De acordo com o Sebrae, o movimento acompanha uma tendência estrutural, que o setor de serviços responde por cerca de 70% do PIB brasileiro e tem mostrado resiliência mesmo em períodos de incerteza econômica. Ainda assim, a entidade alerta que a taxa de sobrevivência dos pequenos negócios permanece baixa. Metade das micro e pequenas empresas fecha as portas antes de completar cinco anos, em grande parte por falta de planejamento e gestão financeira adequada.

Samuel Modesto, contador e especialista em gestão estratégica de pequenas e médias empresas, reforça que o avanço do setor precisa ser acompanhado de capacitação. “A abertura de uma empresa é apenas o primeiro passo. Sem controle de caixa, metas claras e investimento em capacitação, o risco de mortalidade é alto. Muitos empreendedores confundem faturamento com lucro e tomam decisões equivocadas”, afirma o mentor empresarial.

Além da organização financeira, especialistas apontam a importância do planejamento estratégico e do fortalecimento das redes de relacionamento. “O networking é essencial para abrir portas, firmar parcerias e acessar mercados que seriam inalcançáveis isoladamente. Pequenos negócios podem ganhar força quando se inserem em ecossistemas empresariais ativos”, acrescenta Modesto.

Outro ponto destacado é a digitalização. Pesquisa da Serasa Experian mostra que sete em cada dez micro e pequenas empresas ainda têm presença digital considerada insatisfatória. Isso significa perda de competitividade em um ambiente em que o consumidor migrou de forma massiva para canais online. “Estar nas redes sociais não é suficiente. É preciso saber comunicar valor, criar identidade e transformar seguidores em clientes”, explica o especialista.

O cenário indica que, embora o ritmo de abertura de empresas no setor de serviços seja acelerado, a longevidade desses negócios dependerá diretamente da capacidade de seus fundadores em estruturar gestão, cultura organizacional e diferenciação de mercado.

 

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

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