Na manhã desta quarta-feira (27), o Multicentro de Saúde Carlos Gomes implantou a Sala Lilás, um espaço voltado para o acolhimento de mulheres em situação de violência. A atividade marcou o encerramento das ações do Agosto Lilás na unidade e reuniu representantes da sociedade civil, autoridades, profissionais da saúde, artistas, ativistas sociais e sobreviventes em uma mesa redonda que discutiu o fortalecimento das políticas públicas, a prevenção e o enfrentamento à violência de gênero.
A criação da Sala Lilás representa um avanço significativo na política de proteção às mulheres em Salvador. O espaço simboliza um passo importante para que vítimas de violência encontrem não apenas atendimento imediato, mas também acolhimento, escuta, orientação sobre seus direitos e acompanhamento psicossocial.
A gerente do Multicentro Carlos Gomes, Jamile Oliveira, destacou que a iniciativa representa mais do que um espaço físico. “A Sala Lilás é uma estratégia prevista pelo Ministério da Saúde e vem para garantir um atendimento multidisciplinar e humanizado. Esse equipamento não é importante apenas para o Centro Histórico, território de grande vulnerabilidade, mas para toda a cidade. O objetivo é reduzir o percurso que muitas mulheres precisam enfrentar na rede após sofrerem violência”, afirmou.
A ativista social Bárbara Trindade, presidente do projeto 1+1 é Sempre Mais que 2, ressaltou a importância da rede de proteção que se formou em torno da causa. “A implantação da Sala Lilás mostra a força de uma rede sólida, formada por mulheres e também por homens comprometidos. Hoje, reunimos Judiciário, segurança pública, saúde e sociedade civil em um esforço conjunto. A Prefeitura abraçou essa ideia e, em breve, teremos Salas Lilás em outros multicentros. Nosso recado é claro: nenhuma mulher a menos, nós queremos mulheres vivas”, disse.
Também presente, a sobrevivente Kátia Santos, 43 anos, professora da educação infantil e palestrante motivacional, trouxe o relato de sua trajetória pessoal.
“Eu comecei a falar do que passei para outras mulheres e elas me pediram para transformar isso em palestras motivacionais, para mostrar que é possível mudar e acreditar que as coisas podem dar certo. Ver que cada vez mais existem ações voltadas para cuidar da mulher que precisa dessa atenção me deixa feliz e contente. Eu passei por isso e tive pouco apoio, mas agora percebo que essa rede está crescendo, se expandindo, e isso é muito bom”, contou.
O evento contou ainda com a participação do cantor Buja Ferreira, da Timbalada, que reforçou a importância da presença e do engajamento dos homens no enfrentamento à violência contra a mulher.
“Nós, homens, temos que ser aliados das mulheres. No passado, nos ensinaram a enxergar a mulher como algo frágil, mas não é isso. A mulher quer o direito dela, quer o lugar dela. Precisamos apoiar e estar juntos. Sempre digo que a felicidade está em cada pessoa, e não no outro. Estou aqui para completar o sorriso, não para determinar a vida de ninguém. Digo não à violência contra a mulher e acredito que todos nós temos que estar unidos nessa causa”, declarou.
Foto: Bruno Concha/ Secom PMS