O saldo total da carteira de crédito deve crescer 0,4% em julho, mantendo o ritmo de expansão anual estável em 10,7%, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban. O levantamento mostra que a estabilidade em 12 meses deve ser sustentada pela aceleração da carteira Pessoa Jurídica, cujo crescimento anual deve passar de 8,8% para 9,8%, com ganho de ritmo tanto nas operações com recursos livres quanto nos direcionados.
A pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central. As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país. O Banco Central divulgará a nota no próximo dia 27 de agosto.
De acordo com a pesquisa, a carteira Pessoa Jurídica Livre deve retrair 0,3% no mês, queda bem menos intensa que a de julho de 2024 (-1,2%), reflexo das alterações recentes no IOF. Já a carteira Pessoa Jurídica Direcionada deve avançar 1,3%, impulsionada pelos programas governamentais e recursos via BNDES, acelerando o ritmo de expansão anual de 13,3% para 14,3%.
No crédito às famílias, o movimento é de perda de fôlego, com o ritmo de expansão anual desacelerando de 11,9% para 11,3%. A carteira Livre deve avançar 0,8% em julho, reduzindo o ritmo anual de 12,4% para 11,8%, mas ainda em nível elevado. Já a carteira Pessoa Física Direcionada deve crescer 0,3%, sustentada pelos financiamentos imobiliários, mas com sinais de fraqueza no crédito rural. Com isso, o ritmo de expansão anual deve seguir em acomodação, recuando de 11,3% para 10,7%.
“Tradicionalmente, o mês de julho apresenta uma sazonalidade negativa no crédito às empresas, mas as mudanças no IOF acabaram alterando esse padrão, especialmente nas operações de risco sacado. A medida levou muitas empresas a anteciparem o uso da linha para maio e reduziu o fôlego em junho, quando a nova tributação estava prevista para entrar em vigor. Em julho, contudo, com a derrubada da alteração pelo Congresso, validada pelo STF, parte das empresas voltou a acionar essa modalidade. Esse movimento contribuiu para um desempenho mais favorável do crédito Pessoa Jurídica no mês, quebrando a dinâmica que normalmente se observa no período”, destaca Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
“Apesar desse alívio pontual, o crédito como um todo vem dando sinais de desaceleração. Tanto os dados das concessões quanto o comportamento do saldo das carteiras indicam que a tendência ao longo do segundo semestre é de moderação, refletindo os efeitos contracionistas da política monetária”, complementa o diretor.