O IPCA de julho, divulgado nesta terça-feira (12) pelo IBGE, mostrou que a inflação da alimentação fora do lar avançou 0,87% no mês, acima do índice geral (0,26%). A alta reforça um movimento identificado na última pesquisa da Abrasel em que parte dos bares e restaurantes estão conseguindo repassar de forma mais consistente os aumentos de custos ao consumidor, após um longo período segurando preços para não perder clientes.
Essa recomposição, no entanto, ainda não é uniforme. De acordo com a pesquisa, 37% dos estabelecimentos não conseguiram reajustar preços nos últimos 12 meses, enquanto 57% fizeram ajustes iguais ou abaixo da inflação. Essa dificuldade de repasse sufoca financeiramente empresas que já operam com margens apertadas.
Inflação de insumos ainda supera refeição fora de casa
No acumulado de 12 meses, alimentação fora do lar acumula inflação de 8,31% no período, acima do índice geral (5,23%). O aumento também está pouco acima da inflação acumulada do grupo Alimentos e Bebidas, que subiu 7,44%.
No mês de julho, chamou a atenção o aumento expressivo do lanche, com 1,9%, bem acima do item refeição, que teve 0,40% de aumento. O lanche foi, portanto, o fator que puxou para cima a inflação no setor.
Para Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, o desafio é equilibrar a necessidade de repassar custos com a manutenção da competitividade. “A pressão sobre as margens e a dificuldade para repassar custos impactam diretamente a saúde financeira dos negócios, mas os dados mostram que há uma recuperação de parte do setor em andamento, necessária para garantir a a qualidade dos serviços”, afirma.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil