A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta que, apesar da alta de 6,5% no faturamento do setor no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2024, já há sinais de desaceleração no segundo trimestre.
Segundo os Indicadores Industriais divulgados na sexta-feira (8), a receita bruta caiu 1,9% em junho, acumulando retração de 2,6% no trimestre. O número de horas trabalhadas, que subiu 2,7% de janeiro a junho, recuou 0,7% em junho, fechando o trimestre com queda de 1%.
O emprego industrial, que vinha crescendo, perdeu força: após a primeira queda em abril em 18 meses, ficou estável em maio e junho. No trimestre, a variação foi de -0,1%, mas no acumulado do semestre houve alta de 2,4% frente a 2024.
“As expectativas para esse segundo semestre de 2025 são permeadas por alguns desafios para a indústria de transformação. Tanto no mercado internacional, que tem sido permeado por um ambiente de bastante incerteza, quanto por outros problemas que já vêm de longa data, sejam eles relacionados à elevada carga tributária, ao ambiente de juros elevados, à demanda interna insuficiente e à falta ou alto custo da mão de obra especializada”, avalia a especialista em Políticas e Indústria da CNI, Larissa Nocko.
Ela acrescenta que os dados indicam perda de fôlego na transição entre maio e junho e entre o primeiro e o segundo trimestre. “No período mais recente, esse comportamento tem sido de perda de dinamismo, de um crescimento mais fraco, em alguns indicadores, inclusive, de queda. É possível dizer que o aumento das tarifas contribuiu para a elevação da incerteza do ambiente de negócios internacional. No entanto, isso não é um fator isolado. Existem outros fatores que seguem como desafios à produção”, afirma.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) manteve-se praticamente estável de maio para junho, de 78,7% para 78,8%, mas caiu 0,1 ponto no trimestre e 0,8 ponto no semestre em relação a 2024.
Quanto à renda, junho registrou aumento de 1,3% na massa salarial e alta acumulada de 1,2% no trimestre. O rendimento médio real cresceu 1,2% no mês e 1,7% no trimestre, reflexo de um mercado de trabalho ainda aquecido.
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil