A derrubada de oito vetos do presidente Lula (PT) relacionados ao setor energético, em especial ao preço das contas de luz no país, causou mal-estar na cúpula do governo federal. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) se posicionaram contra o acordo selado pela ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) com líderes do Congresso para derrubar os vetos.
A Secretaria de Relações Institucionais (SRI) publicou uma nota nas redes sociais assumindo o entendimento político com o Congresso, mas indicava que o governo concordaria apenas com a derrubada do veto ao Proinfa — programa de incentivo às fontes alternativas de energia, considerado o menos oneroso.
Porém, parlamentares da base aliada, incluindo líderes do governo como Jaques Wagner (PT-BA), Randolfe Rodrigues (PT-AP) e José Guimarães (PT-CE), votaram a favor da rejeição dos oito vetos, atendendo ao lobby de setores como o de pequenas centrais hidrelétricas, termelétricas e produtores de etanol. A movimentação gerou críticas nas redes sociais, inclusive de apoiadores do próprio PT, que apontam incoerência em relação ao voto contrário do partido aos mesmos “jabutis” no ano passado.
Diante do desgaste, o governo anunciou que apresentará uma nova medida provisória na próxima semana para mitigar os impactos da derrubada dos vetos. A proposta ainda está sendo discutida tecnicamente, e poderá incluir benefícios a outros segmentos do setor energético, ampliando a lista de favorecidos pelo que já é chamado nos bastidores de “repescagem dos jabutis”.