O último encontro do Conectar Cultural, realizado ontem e hoje (13), em São Francisco do Conde, foi marcado por um sentimento coletivo de mudança e esperança entre os fazedores de cultura do Recôncavo. Mais que uma sequência de conversas, oficinas e escutas, o projeto deu luz a muitos agentes culturais que, historicamente, estavam à margem, revelando o que muitos ainda tinham dificuldade de enxergar: seu pertencimento à história cultural da região, seu valor, seu potencial transformador.
Com apoio do Instituto Neoenergia, a iniciativa realizou seis encontros em cidades do Recôncavo com o objetivo de impulsionar e valorizar a cultura local e reconhecer os atores e promotores da cultura da região. Durante o evento, representantes de manifestações culturais imateriais receberam orientações para preencher o formulário de inscrição e esclareceram dúvidas sobre a chamada pública que premiará cinco manifestações da região com R$ 500 mil, sendo R$ 100 mil para cada.
Durante os encontros, ficou evidente uma das principais barreiras enfrentadas pelos participantes: a dificuldade de informação sobre editais, políticas públicas e oportunidades culturais que, muitas vezes, não alcançam os agentes culturais, especialmente nas periferias, nas zonas rurais e nas comunidades tradicionais. Nesse contexto, o Conectar Cultural se firmou na região como um movimento coletivo por visibilidade, orientação e valorização, tornando-se um espaço de escuta, troca de saberes e formação cidadã.
A gestora do Conectar Cultural, Neusa Martins, destaca o quanto ainda é desafiador para muitos agentes culturais se reconhecerem como grupo organizado, como movimento legítimo e potente, capaz de acessar políticas públicas, disputar editais e ocupar espaços de visibilidade.
“O Conectar trouxe para muitos fazedores de cultura um sentimento de mudança e esperança, fazendo com que eles se enxerguem como agentes de transformação social, que deixam de estar à margem e passam a participar ativamente da construção cultural de suas comunidades. O projeto os faz sentir parte de um grupo que reconhece seu potencial para promover mudanças, especialmente para novas gerações, que às vezes estão em situações vulneráveis”, afirmou.
Neusa Martins afirma ainda que a força do projeto está na sua simplicidade e no diálogo direto com os fazedores de cultura. Ela destaca que, ao contrário dos editais tradicionais, o Conectar aposta em um processo acessível que promove escuta, orientação e preparo, devolvendo protagonismo a quem muitas vezes está à margem.
“Os editais geralmente chegam de cima para baixo, mas aqui tivemos a chance de divulgar um chamamento público que realmente escutou as pessoas, orientou na inscrição e criou um espaço de diálogo. Foi um processo simples, mas que fez toda a diferença”, completa.
Transformação – O encontro do Conectar Cultural em São Francisco do Conde teve um impacto positivo entre os fazedores de cultura locais, trazendo não apenas orientações práticas sobre elaboração de projetos, mas também promovendo uma escuta ativa e acolhedora. Para Ana Bispo, presidente da Associação Flor de Lótus e coordenadora de um coletivo de cultura, a metodologia prática e a linguagem acessível adotadas nas atividades foram fundamentais para ampliar o entendimento sobre elaboração de projetos culturais.
“O encontro foi muito proveitoso e esclarecedor, principalmente porque muita gente aqui tem pouca instrução para escrever projetos. A explanação de Neusa, com linguagem simples e prática, fez a gente se sentir preparado para preencher o formulário e refletir sobre com…
Encontro em São Francisco do Conde, Mestra Valníria do Maculelê | Fotos: Sérgio Goes