Elon Musk, dono da SpaceX, disse nesta quinta-feira (5) que vai desativar a nave espacial Dragon, usada pela Nasa para levar astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Mas, horas depois, o bilionário voltou atrás em resposta a uma conta no X.
Musk postou sobre a desativação das naves depois que o presidente americano, Donald Trump, ameaçou terminar seus contratos com o governo. “À luz da declaração do Presidente sobre o cancelamento dos meus contratos com o Estado, a SpaceX começará a desativar sua nave espacial, Dragon, imediatamente”, escreveu Musk, no X, a rede social da qual ele também é o dono.
Ex-aliados, ele e Musk passaram boa parte da quinta-feira trocando farpas. Depois da discussão entre os dois cessar, o bilionário respondeu um usuário no X, dizendo que não iria mais descontinuar a nave. “Isso é uma pena, esse vai e vem. Vocês dois são melhores do que isso. Acalmem-se e deem um tempo por alguns dias”, disse a conta. “Bom conselho”, respondeu Musk. “Ok, nós não vamos desativar a Dragon”.
A Dragon é, na verdade, o nome de uma família de naves espaciais da empresa de Musk. Foi a bordo de uma delas que os astronautas presos por 9 meses no espaço voltaram à Terra, em março.
A SpaceX não se pronunciou até a última atualização desta reportagem. A próxima viagem da Dragon pela Nasa está agendada para a próxima terça-feira (10). A missão Axiom4 será a quarta privada a levar astronautas para a ISS. A SpaceX foi a pioneira nisso, em 2020, já com a Dragon.
Em seu site, a SpaceX descreve a nave como a única atualmente em operação capaz de retornar quantidades significativas de carga à Terra. E diz que a Dragon já esteve 46 vezes na ISS. A empresa de Musk voltada para missões espaciais, inclusive com “turistas”, também presta serviços para companhias de outros países.
Com a Nasa, a SpaceX está escalada para participar da missão Artemis, que pretende fazer o homem voltar à Lua. Para esse desafio a escolhida foi a nave mais poderosa do mundo, a Starship. É com ela que Musk também pretende chegar a Marte, algo nunca feito na história e que tinha Trump entre seus entusiastas.
Os contratos da SpaceX com o governo dos EUA foram colocados como um possível conflito de interesses pela imprensa americana quando Trump anunciou que o bilionário faria parte de sua gestão. Mas o presidente dos EUA nunca tinha sinalizado nenhum incômodo até romper com o homem mais rico do mundo, nos últimos dias.
Peça-chave e principal doador da campanha do republicano, Musk assumiu o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) em janeiro. O DOGE não era um órgão oficial do governo e o trabalho de Musk e da equipe que ele montou tinha data para terminar: o fim de maio.
O magnata prometeu fazer cortes substanciais nas despesas do governo. Mas suas ações motivaram diversas críticas por levarem ao desmonte de programas humanitários e demissões em massa de servidores públicos. Ele também foi acusado de inflar o montante economizado.
Musk anunciou sua saída do governo dois dias antes do previsto, em 28 de maio. Poucos dias depois, ele se reuniu com Trump na Casa Branca. Publicamente, o presidente elogiou a trajetória do empresário, sinalizando que ele poderia voltar ao governo. Mas o “casamento” começou a desmoronar nos últimos dias principalmente via redes sociais, o campo preferido dos dois para dar recados.
Além das trocas de ofensas, Trump desistiu de colocar outro bilionário, Jared Isaacman, no comando da Nasa, como tinha anunciado em 2024. Isaacman foi o primeiro civil a fazer uma “caminhada” no espaço, em uma missão da SpaceX financiada por ele, naquele mesmo ano. (G1)
Foto: NASA Johnson