O deputado estadual Robinson Almeida (PT) criticou duramente, nesta quinta-feira (5), as declarações do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), que voltou a defender a venda de áreas verdes da capital como justificativa para a implantação de novos equipamentos públicos. As falas do prefeito ocorreram durante a inauguração do Jardim Etnobotânico, anexo ao Jardim Botânico de Salvador, em São Marcos, justamente no Dia Mundial do Meio Ambiente.
Em resposta, o parlamentar classificou como “contraditória” e “incoerente” a posição do gestor municipal. Para Robinson Almeida, o discurso de preservação ambiental perde legitimidade quando acompanhado de políticas de desafetação e alienação de áreas públicas de preservação permanente. Além disso, o deputado denunciou a ausência de mecanismos de participação e controle social na política ambiental da cidade, destacando que Salvador está sem um Conselho Municipal do Meio Ambiente desde 2018.
“Estamos em 2025 e Salvador continua sem um Conselho Municipal do Meio Ambiente funcionando. Isso é um absurdo. A falta desse colegiado tira da sociedade civil a possibilidade de acompanhar, debater e fiscalizar as ações do poder público. É uma gestão que não dialoga, que impõe decisões que afetam profundamente o futuro ambiental da cidade”, criticou. “É inaceitável que, no Dia Mundial do Meio Ambiente, o prefeito ainda use a inauguração de um espaço como o Jardim Etnobotânico para justificar a venda de áreas verdes da cidade. Isso é uma afronta à inteligência da população e ao futuro ambiental de Salvador”, declarou o deputado.
Robinson acusou a atual gestão municipal de promover uma política ambiental “meramente midiática”, descolada da realidade urbana da capital, que já sofre com a carência de espaços verdes, especialmente nas áreas mais densamente habitadas. Segundo ele, o argumento de que a venda de áreas verdes viabilizaria novos equipamentos públicos é “falacioso e perigoso”.
“Ninguém é contra a construção de hospitais ou escolas. O problema é fazer isso à custa do que resta de vegetação na cidade. Salvador precisa de mais parques, mais árvores, mais qualidade de vida — não de uma política ambiental baseada em retrocessos”, completou o parlamentar petista.
Atualmente, as principais áreas verdes preservadas da capital baiana pertencem ao Estado, como o Jardim Zoológico, o Parque Metropolitano de Pituaçu e o Parque São Bartolomeu. Para Robinson Almeida, essas reservas são exemplos de preservação que precisam ser ampliados, e não compensados por medidas de desafetação de outras áreas naturais.
“A Prefeitura deveria estar comprando novas áreas verdes, não vendendo o que resta. Deveria criar áreas de preservação, de proteção, mas opta pelo oposto. É uma inversão completa de prioridades. O caminho da sustentabilidade passa pela valorização do verde, não pelo concreto”, enfatizou.O deputado do PT reforçou a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento urbano sustentável e participativo.
“Precisamos pensar Salvador para os próximos 30, 40 anos. A cidade que deixarmos para as próximas gerações deve ser mais verde, mais resiliente às mudanças climáticas e mais justa no acesso aos espaços públicos. Isso só será possível com políticas sérias de preservação ambiental e gestão democrática do território, o que não tem acontecido com as gestões do União Brasil na nossa cidade”, concluiu Robinson.
A política de venda de áreas verdes da capital já gerou forte mobilização popular e críticas de diversos artistas e personalidades públicas. Entre os mais atuantes está o cantor e compositor Caetano Veloso, que desde 2022 vem se posicionando contra as desafetações. Outros nomes da cena artística, como Gilberto Gil, Nando Reis, Anita, Regina Casé e Daniela Mercury, também já expressaram publicamente preocupação com os impactos ambientais e sociais dessa política urbana implementada pela prefeitura de Salvador.