A infraestrutura do sistema de esgotamento sanitário de Salvador e da Região Metropolitana (RMS), construída e operada pela Embasa, tem sido reconhecida internacionalmente como um exemplo de engenharia adaptada a contextos urbanos e de relevo complexos. Esse reconhecimento foi reforçado durante visita técnica, na última quinta-feira (22), de uma comitiva composta por autoridades e técnicos do Ministério da Energia e Águas de Angola, Governo Provincial de Benguela e da Agência Nacional das Águas Benguela, que vieram ao Brasil conhecer de perto as soluções desenvolvidas pela empresa baiana.
Salvador, a primeira capital do Brasil, apresenta desafios únicos para a implantação de infraestrutura sanitária, devido à sua formação sobre uma falha geológica que a divide em cidade alta e cidade baixa, além de grandes áreas de ocupação informal e topografia acidentada. Apesar disso, a Embasa conseguiu expandir a cobertura de coleta e tratamento de esgoto de 26%, na década de 1990, para quase 90% atualmente — uma das maiores entre as capitais brasileiras —, com 626 mil ligações de esgoto que possibilitam o acesso de 2,3 milhões de pessoas ao sistema de esgotamento sanitário.
De acordo com o vice-governador da Província de Benguela para os Serviços Técnicos e Infraestrutura, Adilson Gonçalves, a visita foi um grande diferencial da comitiva para conhecer as experiências do setor de saneamento em locais de condições semelhantes às de Angola. “A partir do momento em que começamos a fazer investimentos significativos no setor de abastecimento de água, o investimento na área de esgotamento tornou-se uma exigência. Viemos aqui buscar o conhecimento da Embasa para formar profissionais angolanos que possam implantar e operar sistemas de esgotamento igualmente eficientes em nosso país”, explica.
Para a diretora de Operações de Salvador e RMS da Embasa, Joana Rolemberg, o interesse da comitiva angolana evidencia o papel da Embasa como referência internacional em soluções de saneamento urbano adaptadas a realidades desafiadoras. “Além disso, posiciona Salvador como uma cidade modelo no esforço global pela universalização do saneamento básico, destacando-se como benchmark no setor”, celebra.
Estratégia inovadora | O avanço na cobertura de atendimento em Salvador só foi possível graças à adoção de soluções inovadoras, como o sistema condominial de esgoto, que permite a instalação de redes mesmo em áreas densamente povoadas, com moradias irregulares e sem arruamento formal. O modelo já foi destaque na Research Encyclopedia of Global Public Health, da Universidade de Oxford, como exemplo replicável para cidades em países em desenvolvimento na América Latina, África e Ásia.
De acordo com o engenheiro Júlio Mota, assessor da Diretoria de Operações da Região Metropolitana da Embasa e um dos autores do artigo publicado, “o sistema condominial simplifica as soluções técnicas e viabiliza a universalização do serviço em áreas de difícil acesso, com redes mais rasas e de menor custo”.
Sobre a visita, Mota ressalta que a experiência da Embasa tem servido como modelo de capacitação internacional para gestores e técnicos de diversos países. ”É importante destacar que a Embasa está sempre disposta a compartilhar a experiência de mais de 50 anos em operação e manutenção de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, disseminando esse conhecimento para outros profissionais ao redor do planeta e contribuindo para melhorar a qualidade de vida da população, seja em que parte do mundo ela esteja”, finaliza.
Outro destaque da infraestrutura de Salvador são as captações em tempo seco, que atualmente somam 165 unidades em operação. Essas estações permitem interceptar e tratar o esgoto lançado de forma irregular nas redes de drenagem pluvial durante o período sem chuvas, ampliando significativamente o volume de esgoto tratado mesmo em regiões ainda não atendidas por redes coletoras convencionais.
Intercâmbio internacional | Durante a visita técnica, o grupo conheceu as instalações dos sistemas de disposição oceânica da cidade, localizados no Rio Vermelho e na Boca do Rio, onde todo o esgoto coletado pela Embasa na capital é condicionado e depois segue pelos emissários submarinos até o mar, para a destinação segura e controlada no meio ambiente.
A agenda incluiu também uma visita à estação de tratamento principal de água da Embasa, no município de Candeias. O projeto de intercâmbio técnico em Salvador foi desenvolvido pelo Senai Cimatec, em parceria com o Instituto Desenvolve Bahia, com o objetivo de apresentar experiências de referência em Salvador como subsídio no âmbito de um programa nacional para o setor em Angola.