O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem adotado cautela diante das denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nos bastidores, defende uma apuração rigorosa, mas avalia que não há, até o momento, motivos para afastar o ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Segundo interlocutores do Planalto, não existe investigação formal contra Lupi, e Lula pretende se reunir novamente com o ministro. A orientação é de que afastamentos só ocorram em caso de provas concretas ou denúncias formais da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A permanência de Lupi no governo também atende a interesses políticos. Presidente honorário do PDT — partido que apoiou Lula no segundo turno de 2022 —, o ministro é visto como peça-chave para manter a legenda próxima do Planalto até as eleições de 2026. A avaliação é que a saída dele poderia fortalecer setores ligados a Ciro Gomes e levar o PDT a lançar candidatura própria.
As irregularidades apuradas no INSS envolvem descontos indevidos nos salários de aposentados. Lupi foi informado dos primeiros indícios em junho de 2023, mas o assunto só ganhou atenção institucional em abril de 2024, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) já finalizava uma investigação e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizava auditoria.
Na semana passada, 11 entidades tiveram convênios suspensos com o INSS, e o presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, foi afastado.
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